Funcionários de fazenda da PUC voltam a estudar

Uma pequena iniciativa começa a colher bons frutos em Fazenda Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba. É o programa Escolaridade para os Funcionários, realizado na Fazenda Experimental Gralha Azul da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná.

Zenildo dos Santos Farias, de 38 anos, Janete Gonçalves Batista, 29, e Andreza Mariano Silva, 26, ainda não completaram o ensino médio, e estão tendo a oportunidade de aprendizagem nesse programa que conta com a parceria da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e do Centro de Educação Aberta a Distância (Cead). São três pessoas que estão tendo a oportunidade de concluir os estudos no local de trabalho.

Zenildo trabalha desde pequeno na agricultura. Antes de se mudar para Fazenda Rio Grande, o agricultor, natural de Mafra (SC), não pôde estudar pela distância do local de trabalho para a escola mais próxima. “Além de cansativo, a gente saía da lavoura quase à noite. Não tínhamos tempo de tomar banho e ir à escola. Quando chegava lá já estava atrasado e perdia todas as explicações da professora. Então resolvi parar”, completa.

Com Janete, a história não foi diferente. Natural da localidade de Rondinha, em Campo Largo, a jovem freqüentou a escola até a metade da oitava série. Quando a família mudou-se para Curitiba, teve que abandonar os estudos. “Era difícil. A gente tinha que trabalhar para ajudar em casa, e não sobrava tempo para os estudos. Tive que escolher e parar”, explica.

Andreza só estudou até a quarta série em Fazenda Rio Grande, e saiu da escola para buscar emprego. “Tinha que ajudar em casa, não tinha outra opção. Então tive que largar a escola”, lamenta.

O começo

A idéia inicial do programa surgiu de um funcionário da Fazenda Gralha Azul, José Anselmo Bunn, 55. O funcionário, que freqüentava o Cead em Fazenda Rio Grande, reclamava do perigo de se deslocar até a cidade para estudar à noite. “O problema que mais assustava essas pessoas era o aumento da marginalidade”, explica Laureci Metka, professora voluntária e funcionária da administração da fazenda experimental. “Isso afastava elas da escola. Os funcionários se juntaram, apresentaram a proposta, que foi encaminhada à direção da universidade, que depois de avaliada foi aprovada e implementada.”

José Anselmo já terminou o ensino médio, e agora ajuda os professores voluntários no desenvolvimento das aulas com os demais estudantes.

Maurício César Iung, engenheiro agrônomo e professor voluntário, destaca o esforço dos alunos. “Eles trabalham o dia inteiro e, em vez de ficarem com as suas famílias, ou descansar, assistem às aulas. Isso é muito gratificante. Quem sabe no futuro eles prestam vestibular e conseguem um diploma de terceiro grau. Só faltava uma oportunidade para eles voltarem a estudar”, diz.

Os onze funcionários que até agora fazem parte do programa estão terminado o ensino fundamental (primeira a oitava séries). Neste mês, eles iniciam as aulas do ensino médio (segundo grau). As aulas são realizadas de segunda a sexta, das 18h às 20h.

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