Fuga do pedágio destrói rodovias alternativas

Um levantamento do DER aponta que o pedágio está deteriorando as estradas utilizadas como vias alternativas para os motoristas que fogem do pagamento da tarifa no Paraná. Os dados apontam que 12,7% dos 10 mil quilômetros da malha pavimentada sob jurisdição do Estado fazem parte das chamadas rotas de fuga das rodovias pedagiadas.

“Destes, 500 quilômetros estão destruídos, necessitando de recuperação intensa, serviços que demandariam investimentos da ordem de R$ 170 milhões”, calcula o diretor do DER, Rogério Tizzot. As vias que fazem parte das rotas de fuga, acrescenta, são em sua maioria vicinais, preparadas para tráfego leve ou médio, mas acabam recebendo muitos caminhões.

Entre os piores trechos apontados pelo levantamento estão a PR-280, entre Pato Branco e Clevelândia, na rota que vai de Cascavel até a Lapa. Ainda na PR-218, entre Maringá e Rolândia, técnicos apontam 38% de malha ruim e 35% regular. Na PR-090, mais de 60% do trecho entre Jataizinho e Piraí do Sul encontram-se em estado regular, e quase 20% em péssimo estado.

A situação de Nova Tebas até a BR-376 é melhor, graças às ações da Secretaria dos Transportes e do DER, que já trabalham na recuperação de boa parte da rota. Já foi concluída a recuperação dos 41 quilômetros do distrito de Três Bicos até o Rio Ivaí, na BR-476, e está em andamento a melhoria de mais 3 trechos com extensão total de 152 quilômetros.

Com o recente aumento das tarifas, a preocupação dos técnicos do DER é de que os desvios se tornem mais freqüentes e intensos, aumentando os problemas nas rotas alternativas. Outra preocupação é a de que motoristas busquem novas opções em rodovias construídas para outro tipo de tráfego, prejudicando ainda mais a situação da malha paranaense.

Entidades representativas do setor de transportes informam que muitos caminhoneiros preferem percorrer um trecho maior do que pagar o atual valor dos pedágios. Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Cetcepar), nesse caso os motoristas acabam sofrendo a possibilidade de ter uma despesa ainda maior, como problemas mecânicos causados pelos buracos.

Risco

“É um risco pelo qual muitos passam para fugir das tarifas”, afirma o presidente da entidade Rui Cichella. Já o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nelson Canan, recorda que o pedágio representa até 30% do custo do frete, tornando a atividade do caminhoneiro quase inviável. “Neste ritmo, o setor de transporte vai enfrentar uma crise sem precedentes”, alerta.

Tarifa na estrada para Foz sobe 15,34%

Lawrence Manoel

Mesmo mantendo negociações com o governo do Estado para reduzir as tarifas, a concessionária Rodovia das Cataratas aumenta em média 15,34% o preço do pedágio em suas cinco praças, localizadas entre Guarapuava e Foz do Iguaçu, na BR-277, a partir da zero hora de amanhã.

O aumento foi autorizado por decisão da 9.ª Vara Federal de Curitiba, baseada numa decisão anterior do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou o mesmo índice de reajuste nas tarifas das concessionárias Econorte, Rodonorte, Ecovia e Viapar. Esse reajuste é relativo ao que prevê o contrato, e já era exigido pelas concessionárias desde 1.º de dezembro de 2003.

Ao contrário das concessionárias que ingressaram com ações no STJ, a Rodovia das Cataratas relutou em tentar conseguir o aumento mediante ação judicial. Em dezembro último, a empresa estava prestes a fechar uma acordo com o governo do Estado para redução das tarifas para o transporte de produtos de menor valor agregado, principalmente os grãos. A proposta da Rodovia das Cataratas era obter o aumento previsto em contrato, mas em contrapartida reduzir em 40% as tarifas para quem transportasse produtos agrícolas como soja e milho.

A proposta já havia sido aceita por vários setores do governo do Paraná, mas, quando foi apresentada ao governador Roberto Requião (PMDB), foi vetada. Depois disso, as negociações foram interrompidas e a concessionária ingressou com ação junto à 9.ª Vara Federal de Curitiba.

Conforme a Rodovia das Cataratas, recentemente essas negociações voltaram a acontecer, estando novamente num estágio avançado. Contudo, a concessionária não informou em que termos está sendo discutida. Tanto o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Rogério Tizzot, quanto o assessor jurídico do Palácio Iguaçu, Pedro Henrique Xavier, já haviam confirmado que o governo paranaense está num estado avançado de conversa com três das seis concessionárias do Anel de Integração. O objetivo é alcançar o reequilíbrio dos contratos, fazendo com que a tarifa reduza.

Valores

Com os novos valores que entram em vigor no domingo, um automóvel de passeio que passar pelas praças de pedágio de São Miguel do Iguaçu e Céu Azul vai pagar R$ 5. Nas praças de Cascavel, Laranjeiras do Sul e Candói o preço vai para R$5,40. A praça mais movimentada da rodovia das Cataratas é a de São Miguel do Iguaçu. Diariamente, entre 4 e 5 mil veículos passam por dia no local.

O governo do Estado ainda não se pronunciou sobre o aumento. Cabe recurso contra a decisão da 9.ª Vara Federal, mas o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, retorna da França apenas na terça-feira.

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