Frio e sorvete também combinam

A chegada do frio afeta um dos mercados mais representativos do verão, o de sorvetes. Ao contrário de outros países frios, como a Suécia, por exemplo, o consumo anual por habitante é de catorze litros, dez vezes mais que no Brasil, onde a média per capita é de aproximadamente 1,3 litro ao ano. Em Curitiba, a situação não é diferente. A queda de movimento, entre os meses de maio a agosto, chega a representar 95%, como é o caso da sorveteria Granotto, uma das mais tradicionais da capital, principalmente na venda de atacado.

Nas confeitarias Lancaster, de Curitiba, nos outros anos a queda do movimento também ficava em torno de 90%. Este ano, segundo o gerente Carlos Soarez, eles estão investindo numa linha especial de sorvetes de inverno e movimento caiu 20% em relação ao verão. “É um desafio mudar o hábito dos brasileiros, que tem vergonha de tomar sorvete em dias frios. Mas está dando certo”, conta. Ainda assim, as pessoas procuram degustar a guloseima em ambientes fechados, como shoppings.

A linha especial da Lancaster baseada em receitas italianas é mais cremosa. E enquanto os sorvetes de verão são mais leves, à base principalmente de frutas, os de inverno, compostos de doze sabores, são feitos com chocolate, castanhas, amêndoas, avelãs e frutas secas. É um sorvete que não tem gelo. A massa cremosa, com a formação de menos cristais de gelo, passa a sensação de ser menos fria e composta de doze sabores diferentes, à base de chocolate amêndoas, castanhas.

Devido sua composição, o sorvete de inverno é mais calórico e mais gorduroso. Estes fatores são apontados por Hélio Granotto Viero, um dos sócios da Granotto, como entraves. “A população busca o contrário, por isso acho difícil mudar esta tradição”, opina. Ele considera válida a tentativa, mas acredita que não dá o retorno esperado.

Acostumado com a sazonalidade típica deste mercado, Hélio conta que aproveita esta temporada de queda nas vendas para realizar as manutenções preventivas de equipamentos, preparar as polpas de frutas e até tirar férias. “O empresário da área tem que saber trabalhar no verão, pois esta mudança de comportamento é esperada”. A Associação Brasileira de Indústrias de Sorvete (Abis), criada em junho, tem como um dos objetivos aumentar a base de consumo do produto, principalmente em épocas menos propícias.

Como a Granotto vende atacado para outros estabelecimentos é comum que esses revendedores busquem alternativas neste período de frio. Os restaurantes, diz ele, procuram incrementar suas sobremesas de sorvete com marshmellow levado ao forno, cobertura e caldas quentes. “Os restaurantes de cozinha internacional usam bastante esses artifícios”, diz, citando como exemplo a banana split ao forno.

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