Forte chuva deixa Matinhos e Guaratuba embaixo d

Enchentes e deslizamentos de terra foram os reflexos sentidos por moradores e veranistas depois da chuva forte que começou na noite de segunda-feira e continuou por todo o dia de ontem no litoral do Paraná. Alagamentos ocorreram no centro de Matinhos e em várias ruas de Caiobá, Guaratuba, Praia de Leste, Ipanema, Olho d?Água e Canoas. O Corpo de Bombeiros registrou seis pessoas desabrigadas em Ipanema e quatro em Canoas.

Em Guaratuba, segundo o Corpo de Bombeiros, os bairros mais atingidos foram Carvoeiro, Coapar, Mirim e Piçarras. Neste último, as situações mais problemáticas foram registradas nas ruas Rui Barbosa e João Batista Pedroso. ?Os bairros mais atingidos são considerados pobres e ficam afastados dos balneários, já tendo históricos de alagamentos?, informou o comandante dos bombeiros no município, capitão Adriano Marcelo Nozochadlo.

Até a tarde de ontem, 22 pessoas haviam ficado desalojadas. A maioria delas pediu auxílio em residências de amigos e familiares e outras foram levadas a um abrigo improvisado na Escola Municipal de Piçarras, onde a Defesa Civil deixou roupas secas e alimentos.

Na moradia da dona de casa Marli Brito, na Rua Francisco Vieira Braga, na região do Carvoeiro, a água invadiu o terreno e a família, com sete pessoas, ficou ilhada. ?Hoje (ontem) não teve como sair de casa. As crianças estão bastante assustadas e eu estou com medo de que a água suba mais e entre dentro de casa?, afirmou.

Os bombeiros ainda realizaram cinco transportes de pessoas – sendo um o de uma criança que precisava de atendimento médico -, duas retiradas de veículos e duas quedas de árvores em Guaratuba.

Como em outros municípios do litoral, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de Guaratuba foi acionada. ?Estamos realizando uma série de vistorias e analisando a situação das famílias que vivem nas áreas atingidas pela água. Além disso, o Corpo de Bombeiros disponibilizou um bote inflável para o resgate de vítimas?, disse o diretor de operações da Comdec, Nivaldo Godoy Guerin. Outras equipes também trabalharam com distribuição de lonas e acomodação das famílias atingidas, além de levantamento dos prejuízos.

Matinhos

Os bairros mais afetados em Matinhos foram Mangue Seco, Tabuleiro e Praia Grande. Na Rua Apucarana do bairro Tabuleiro, o córrego que passa ao lado (com quatro metros de profundidade) transbordou.

Neiva da Silva, moradora do local, lamentou as perdas que teve na sua mercearia. ?Vou perder tudo o que está dentro dos freezers. Já reclamamos para as autoridades, mas estamos vivendo o abandono aqui?, afirmou. Por conta dos problemas recorrentes, Neiva quer vender a propriedade há tempos, mas não consegue negociar. ?Quando as pessoas vêm e olham o córrego, já ficam com medo e desistem do negócio?, disse.

Mesmo com todas essas ocorrências, o governo estadual divulgou ontem que investiu R$ 2,1 milhões nos últimos cinco anos em obras de limpeza e desassoreamento de rios e canais, para prevenir enchentes e alagamentos.

Atrasos em oito obras de esgoto

Luciana Cristo

Atrasos em oito obras de ampliação da rede de esgoto em Matinhos e Guaratuba também estão sendo causados pela chuva, de acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Ainda não foi possível fazer a recomposição do pavimento na maioria das obras.

Segundo o gerente da Sanepar no litoral, Romilson Gonçalves, a freqüência e a intensidade das chuvas foram decisivas para o atraso. ?A recomposição de pavimento só poder ser feita se o terreno estiver seco?, explicou. Ontem, a empresa esclareceu ainda que essas obras não contribuem para o alagamento das ruas.

Em nota, a Sanepar explicou que o alagamento acontece pela falta de galeria de águas pluviais ou, nos locais em que existe galeria, pelo fato de elas não conseguirem dar vazão às águas da chuva.

Previsão para os próximos dias não é animadora

O volume de chuvas no litoral já é o segundo maior registrado nos últimos dez anos. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, do primeiro dia do mês até ontem, havia chovido 650 milímetros em Guaratuba, onde fica a estação meteorológica do Simepar. Esse número só fica atrás do ano de 2003, quando choveu 882 milímetros em janeiro.

A tendência é que o registro passe dos 700 milímetros ainda neste mês, podendo até chegar próximo dos 800 milímetros. Só de segunda-feira até a tarde de ontem, havia chovido 170 milímetros.

Em média, chove entre 350 a 400 milímetros na região, no mês de janeiro.

Segundo o meteorologista Marcelo Brauer, a previsão é de chuva no litoral até sábado. ?Essa chuva contínua deve dar lugar para pancadas mais fortes, que tendem a ficar cada vez mais restritas ao fim da tarde e à noite, com raios e trovoadas?, disse. O calor também volta para as praias, com máxima de 30.º C.

Ontem, o Simepar também começou a monitorar o desenvolvimento de um ciclone cujo núcleo está previsto para se formar sobre o Oceano Atlântico, no litoral paulista, entre hoje e amanhã. O ciclone traz fortes ventos para os litorais do Paraná, de Santa Catarina e São Paulo.

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