Formalizado o sistema de cotas na UFPR

Foi assinada ontem pelo reitor da Universidade Federal do Paraná, Carlos Augusto Moreira Júnior, a Resolução n.º 37/04 criando o sistema de cotas. O Plano de Metas de Inclusão Racial e Social da universidade estabelece que 20% das vagas em todos os cursos vão ser destinadas a estudantes negros, outros 20% para alunos de escolas públicas e ainda a criação de novas vagas para a comunidade indígena. Algumas dessas mudanças já valerão no próximo vestibular.

Durante a assinatura, o reitor afirmou que a resolução é uma resposta à sociedade, já que a universidade sempre foi acusada de servir à elite, enquanto os alunos pobres tinham que estudar em faculdades particulares. “As mudanças corrigem essas distorções”, afirma.

Para a superintendente da Secretaria de Estado da Educação, Ivelise Arco Verde, a reserva de vagas para estudantes das escolas públicas é um dado positivo. Mas ela não foi encarada como um presente, pois vai exigir das escolas uma melhoria na qualidade do ensino. Segundo ela, o fato de as cotas só valerem para a segunda fase do concurso – na primeira vão ser avaliados os conhecimentos de todos os alunos sobre os conteúdos do ensino médio – não vai prejudicar os alunos, porque muitos conseguem a classificação no vestibular, só não atingem as melhores pontuações para garantir a vaga.

A procuradora jurídica da instituição, Dora Lúcia de Lima Bertúlio, explica que as cotas só valem para a segunda fase porque garantem a entrada dos alunos pela porta da frente. Quem passar pela prova vai comprovar que têm as competências exigidas pela universidade para seu ingresso.

Estudantes

As mudanças também encontraram apoio da União Paranaense dos Estudantes (UPE), mas eles ainda querem discutir alguns pontos. O tesoureiro da UPE, Michael Genofre, estava preocupado com o sigilo a respeito dos cotistas, já que poderia haver discriminação dentro da universidade. Além disso, ele achou muito subjetiva a maneira como as pessoas são classificadas como negras ou pardas, havendo a possibilidade de fraudes. Pelas normas da resolução, basta declarar-se afrodescendente para concorrer pelas cotas. Nesse ponto, o reitor explica que durante o curso haverá a possibilidade de avaliar se o estudante faltou com a verdade, sendo possível até perder a vaga.

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