Feira mostra trabalho dos deficientes visuais

Ana Elisa Santos Ferreira tem 27 anos, é casada, tem filhos e trabalha fazendo artesanato há um ano. Uma vida considerada normal se não fosse um detalhe. Ela tem um problema oftalmológico que a deixa com apenas 10% de sua visão, e ainda corre o risco de uma dia perder totalmente esse sentido. Mesmo assim, a jovem enfrenta com energia as dificuldades do dia-a-dia e até freqüenta um curso de informática com outros deficientes visuais. A luta e determinação de Ana é um dos muitos exemplos positivos apresentados ontem, em Curitiba, no seminário Inclusão e Desenvolvimento – O Deficiente Visual e o Voluntário – promovido pela Primeira Igreja Batista de Curitiba.

Ana, que estava vendendo seus produtos numa feira dentro do seminário, explicou que a oportunidade de conhecer outros deficientes e interagir com eles é muito boa. Ela disse que inicialmente teve o artesanato como um desafio. Mas, hoje, faz obras que exigem muita precisão e tem sua auto-estima muito elevada. “Sou apaixonada pelo artesanato”, afirmou. Ana contou que começou a perder a visão aos 12 anos e eu aos 15 a situação se estagnou. “Nada impede que um dia eu perca o pouco que resta. Nós deficientes passamos a vida toda nos adaptando”, disse.

O evento contou com a participação de várias organizações que desenvolvem trabalhos para os deficientes. O pastor da Igreja Batista, Paschoal Piragine Júnior, destacou que o trabalho junto aos deficientes visuais iniciou quando a comunidade evangélica teve maior proximidade do Instituto Paranaense de Cegos. “Estamos muito perto do instituo. Daí conhecemos o trabalho deles e aumento o nosso contato”, revelou, destacando que incentivar a comunidade a se aproximar dos deficientes é uma maneira de incluí-os. “Também estamos para firmar convênio com uma fábrica de tampas que utilizaria mão-de-obra de pessoas cegas e espaço físico da igreja. Mais tarde pretendemos fazer com esses cerca de quarenta deficientes criem uma cooperativa de trabalho própria”, revelou o pastor.

Igreja Batista recebe bíblia em braile

A Primeira Igreja Batista de Curitiba é a pioneira do Paraná a ter uma bíblia completa em braile. Ela recebeu ontem a doação da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que lançou no ano passado a única tradução completa da bíblia em braile e em português. “Nem em Portugal ou outros países que falem a língua não existia tal bíblia. O que há são partes da bíblia em braile”, contou a secretaria de ação social da SBB, Alice Giraldi.

Alice explicou que existe uma versão da bíblia que é destinada para bibliotecas e acervos. Ela tem 38 volumes e mais um guia de leitura. Seu preço é R$ 2.660,00. “Sabemos que os deficientes na maioria dos casos não tem como comprar e nem como guardar , pois é preciso no mínimo dois metros lineares de espaço”, explicou Alice. Por isso, ela contou que a SBB tem um programa especial que cadastra os deficientes e envia partes da bíblia em braile em casa e gratuitamente aos cegos. “Eles devem procurar a SBB pelo site www.sbb.org.br ou pelo 0800 162 164”, disse, explicando que a SBB enviará uma folha para cadastro. “Eles então receberão exemplares avulsos. Também podem receber material como CDs, cassetes e CD-roons. Tudo gratuito”, contou.

Hoje mais de dois mil deficientes já são beneficiados. “Aos poucos eles podem completar a bíblia”, concluiu. (LM)

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