Federal vai definir cotas até o fim do ano

Até o fim do ano a Universidade Federal do Paraná (UFPR) deverá encerrar as discussões sobre a reserva de cotas para estudantes negros. Três proposições já estão prontas e vão ser analisadas pelo Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP). A primeira proposta é de reservar 20% das vagas em todos os cursos para negros, a segunda reserva 20% para alunos de escolas públicas e outra beneficia grupos indígenas.

A professora Dora Bertúlio, integrante da Comissão de Inclusão Social da UFPR, explica que desde julho a comissão já discutiu o assunto com representantes de onze setores da universidade envolvendo alunos, professores e técnicos. Segundo ela, as propostas estão combatendo dois problemas sociais graves: a exclusão racial e a econômica. Hoje os negros são apenas 1,8% dos estudantes da UFPR e 20% são alunos de cor branca com renda mensal familiar abaixo de R$ 1.000,00, e quase sempre estudando nos cursos menos concorridos.

Dora afirma que um dos principais argumentos contra a reserva de cotas para negros, não só aqui no Paraná como no resto do País, é que, se destinando cotas para os mais pobres, automaticamente os negros estão inclusos. No entanto, ela observa que a população negra pobre têm mais dificuldade de chegar até a universidade do que o branco pobre. Ela fala que durante toda a vida a pessoa negra sofreu preconceitos que foram minando a sua auto-estima. Até na escola esse tipo de situação é muito comum. Desde a implicância de colegas, até o material didático, que exclui esses alunos. Quando eles aparecem nos livros estão em funções de empregados que não exigem muita qualificação. A professora avalia ainda que a inclusão de pessoas negras vai proporcionar também desenvolvimentos sociais importantes. Segundo ela, haverá mais pesquisas sobre problemas que são comuns a esta parcela da população.

Os índios também devem ser beneficiados. Os grupos indígenas que procurarem a UFPR querendo formar alguém para ajudar no desenvolvimento da aldeia, terão vaga garantida.

A classificação

Dora explica que podem ser contemplados estudantes que estiverem acima da nota de corte, que é a média entre os alunos que estão concorrendo naquele ano. Cada curso será preenchido assim: 60% das vagas vão ser destinadas aqueles que obtiverem maior nota, 20% estudantes da escola pública com maior nota entre o seu grupo e os outros 20% para negros também com maior nota entre seu grupo. Quem mentir sobre sua descendência vai ser desclassificado e quem se encaixar nos dois últimos perfis, vai ter que optar em qual categoria prefere concorrer. Espera-se que para o concurso de 2005 as novas proposições já estejam em vigor. Na última semana, houve mais um debate sobre o assunto, com a participação de representantes do Movimento Negro e da Universidade de Brasília.

Voltar ao topo