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Fascínio motiva homem a fazer presépio de 49 metros

“Sou Pedro Santana Pinto, mais conhecido por Pedro Santana Neto… Feio pra mais de metro”.  É com um verso ou uma piada sempre na ponta da língua que o operador de máquinas e marceneiro aposentado Pedro Santana Pinto, 77 anos, conta sua história de décadas de apreço para dar vida ao presépio mecanizado em Fazenda Rio Grande.

Como acontece em quase todo ano desde 1979, Pedro há mais de um mês está envolvido na montagem da estrutura de 49 metros quadrados, que reúne cerca de 90 réplicas de casas, prédios e igrejas e mais uma infinidade de lugares e bonecos que remontam os personagens da história do nascimento de Jesus. Todas as peças foram produzidas por ele e mais um grupo de seis voluntários, que se encantaram com os presépios montados em anos anteriores por Pedro e resolveram ajudar. É o caso do técnico em mecânica Gesse Ferreira de Souza, 49 anos, que frequenta a Igreja Nossa Senhora da Luz, onde o presépio poderá ser visitado a partir da inauguração, no próximo sábado (15).

“Tendo vontade, consegue ajudar, nem que seja para cortar uma tábua”, explica. Pedro diz que na montagem é indispensável o trabalho dos “amigos”. “E esses amigos existem”, arremata. Essa equipe se tornou ainda mais fundamental nos últimos sete anos, devido às fortes dores causadas por uma escoliose que só pode ser reparada com uma cirurgia de alto risco. “É um esforço maior no sentido físico, mas que é compensado com a reação das pessoas, nas conversas com gente que se encanta. É lindo e comovente ver a emoção de cadeirantes ou as pessoas com alguma deficiência metal que se deslocam com dificuldade só para visitar o presépio”, comenta Pedro. “Sorrir, mesmo na dificuldade. Esse é o meu lema!”, ensina.

E esse carinho dedicado ao presépio de Pedro pode ser conferido entre a vizinhança. Na Lanchonete Ponto Certo, a proprietária Tereza Cardoso, 64 anos, diz que conta os dias para poder visitar o presépio e fotografá-lo. “Tenho fotos de todos os anos desde que me mudei para Fazenda Rio Grande. Já faz oito anos. Só no ano passado que não deu porque ele montou no Capão Raso e fez muita falta aqui”, recorda.

Começo pequeno

A história de Pedro com os presépios começou como a de muita gente, em um espaço inferior a um metro quadrado. “Sempre foi uma maravilha visitar o presépio, até que quis ter o meu”, afirma. Para ele, a confecção de uma cidade ao fundo e um lugar rústico entre os animais hospedando a gruta onde Jesus nasceu são extremamente significativos. “Aquele que tudo merecia foi nascer em uma manjedoura entre os animais, porque na cidade negaram abrigo a Maria”, destaca. Pedro se revela absolutamente tocado pela história e repete a razão que o move, mesmo com a saúde debilitada. “É o amor. Sempre foi o amor que me faz ser um pobre feliz”.

Sem visar lucro, Pedro diz que a visitação é gratuita, mas qualquer doação de alimentos não perecíveis será destinada à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). “E o que for perecível, eu consumo aqui mesmo”, brinca.

Marco André Lima