Famílias voltam, mas Morretes mantém alerta

Cinqüenta e seis pessoas, incluindo 36 crianças, continuavam alojadas, ontem de manhã, no colégio estadual Rocha Pombo, no litoral do Estado. Devido às cheias dos rios do Pinto, Marumbi e Nhundiaquara, provocadas pelas chuvas fortes que atingiram o município na madrugada de domingo para segunda-feira, elas tiveram suas casas invadidas pela água.

Muitas perderam móveis, roupas, colchões, eletrodomésticos, alimentos e animais de estimação. A maioria aguardava autorização do Corpo de Bombeiros para voltarem para suas residências. “As áreas agrícolas foram as mais atingidas, mais ainda não temos um levantamento total dos prejuízos”, comentou o diretor de operações especiais da Defesa Civil de Morretes, Eduardo Figueiredo Mercado. “As pessoas alojadas no Rocha Pombo estão recebendo alimentos doados pela comunidade e utilizando colchões e cobertores da Defesa Civil.”

A dona-de-casa Risolete Silveira Alves, moradora do bairro do Rocio, um dos mais atingidos pela enchente, teve que procurar abrigo no colégio às 5h de segunda-feira, acompanhada do marido e dos seis filhos pequenos. Ontem, ela não via a hora de poder voltar para casa. “Na minha casa a água chegou até o teto”, contou. “Quero voltar logo para ver se consigo salvar alguma coisa, mas acredito que tudo tenha sido levado pela correnteza. Estou sem dormir desde que a chuva forte começou e não sei como vou poder alimentar e vestir minhas crianças.”

O servente de pedreiro Clairton Gonçalves de Lima perdeu móveis, colchões e uma criação de galinhas. Ele foi levado para o abrigo junto com a esposa e quatro filhos. Morador da Vila das Palmeiras há três anos, esta foi a terceira enchente que enfrentou. “Foi a terceira e também a pior de todas”, revelou. “Acho que vou levar bastante tempo para recuperar tudo o que foi destruído. Meu consolo é que ninguém de minha família se feriu: graças a Deus, todas as crianças estão bem e em segurança.”

No total, 1.500 pessoas tiveram suas casas invadidas pela água. Dessas, 110 tiveram que procurar abrigo em casas de vizinhos, parentes ou no colégio Rocha Pombo. Uma casa foi totalmente levada pela enchente e duas ficaram parcialmente destruídas. Quatorze bairros sofreram danos. A situação era mais complicada na Vila Palmeiras, no Rio do Pinto, no Rocio e no centro da cidade.

Ontem de manhã, apesar de a chuva já ter cessado, algumas casas do Rocio e do bairro Raia Velha ainda estavam alagadas. A Defesa Civil deve continuar em alerta na região até amanhã, quando, segundo o Simepar, o tempo deve começar a melhorar.

Hora da limpeza e de somar os prejuízos

Muitos dos moradores dos quatorze bairros de Morretes atingidos pela enchente já tiveram autorização do Corpo de Bombeiros para voltarem às suas casas. Ontem, tiveram muito trabalho tentando salvar utilitários domésticos e para tirar a terra de dentro de quartos, salas, cozinha e banheiros. “Tive que pedir dispensa no trabalho para poder limpar a casa”, disse a enfermeira Rosinha de Lourdes Gomes. “Está tudo uma bagunça.”

Depois que a água baixou, o lubrificador de máquinas pesadas Ademir José Salomé ficou espantado ao encontrar ratos, baratas, aranhas, minhocas e até uma cobra dentro de casa. “Quando a água começou a subir, peguei os meus filhos e fui para a casa de um parente”, contou. “Quando voltei, o chão de minha casa estava coberto de lama e de bichos trazidos pela enchente. Quero conseguir limpar tudo logo, pois tenho medo que as crianças entrem em contato com a água e acabem pegando alguma doença.”

Para a dona-de-casa Angelica Conte, esta foi a pior enchente de todos os tempos. Com a casa atingida pela água, ela conseguiu salvar apenas o fogão e a geladeira. Roupas e colchões ficaram totalmente encharcados e cobertos de lama. “Acho que vou levar até sexta-feira para conseguir limpar toda a minha casa”, avalia. “Está tudo tão bagunçado que eu nem sei direito por onde começar.” (CV)

SETR e DER fazem avaliação

A Secretaria dos Transportes e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná, enviaram ontem uma equipe a Morretes, para fazer uma avaliação das condições das estradas que cortam o município. O secretário dos Transportes, Waldyr Pugliesi, determinou que os técnicos do DER façam um levantamento da situação das rodovias e verifiquem de que forma a secretaria e o departamento podem auxiliar na recuperação das estradas. A ação será em parceria com a prefeitura. Morretes foi uma das cidades mais prejudicadas pelas chuvas que atingiram todo o litoral do Paraná, capital e algumas regiões do interior do Estado na madrugada de segunda-feira. Segundo a prefeitura, diversas estradas e pontes da cidade precisam ser recuperadas.

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