Famílias da Vila Yasmin iniciam mudança de área

O ditado popular prega que depois da tempestade vem a bonança. Para as 335 famílias que moravam na Vila Yasmin, às margens do Rio Iguaçu, divisa de Curitiba e São José dos Pinhais, a bonança veio depois de várias tempestades, e muitas enchentes. Ontem, elas começaram a se mudar para terrenos no Jardim Iraí, cedidos pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). O prazo para o pagamento dos lotes é de quinze anos.

As primeiras casas já começavam a ser erguidas na tarde de ontem. O carroceiro João Aloncio, 48 anos, trabalhava muito contente por conseguir um novo lar. Ele morava numa pequena casa às margens do rio com mais cinco famílias. Quando perguntado sobre as enchentes, Aloncio foi irônico. “Não, nem era um problema tão grande. A última vez que choveu eu tive que sair nadando de casa.”

Sebastião Lino de Souza, 43 anos, representante comercial, também comemorava a aquisição do novo terreno. “Lá era ruim demais. A gente vivia num banhado. Agora vai melhorar, o preço de R$ 56,00 por mês é o ideal. Vamos conseguir pagar sem problemas”, comemorou.

O pedreiro Juarez Gomes da Silva viveu por seis anos às margens do Rio Iguaçu. “Fui um dos primeiros a chegar lá”, contou. Além de não correr risco de enchente, Silva comemorava o fato do lugar também ter mais segurança. “Aqui a polícia pode chegar. Onde nós morávamos não tinha rua e dificultava o acesso, sempre aconteciam problemas”, lembrou.

Estrutura

A diretora-presidente da Cohab, Teresa de Oliveira, comentou que a expectativa da Cohab é que em trinta dias todas as famílias estejam relocadas. Ela disse que cada família receberá um lote de no mínimo 125 metros quadrados, com algumas variações no preço a ser pago em quinze anos. “Depende do tamanho do lote, mas o valor médio da mensalidade deve ficar em torno de R$ 70,00”, contou, destacando que as famílias terão uma carência de 120 dias antes de começar a pagar.

Os terrenos terão luz e água tratada. Para a implantação da rede de esgoto não há previsão.

Apelo

O presidente da Associação dos Moradores da Vila Yasmin, Valdecir “Barulho” Dias da Silva, fez um apelo à população para contribuir com material de construção para as famílias que estão sendo relocadas. “Elas estão desmanchando as casas e levando material antigo para o novo local. Nesse processo se perde muito. As pessoas poderiam ajudá-las com qualquer tipo de doação, madeira, material de alvenaria, materiais usados etc”, pediu Barulho.

Os interessados em ajudar devem ligar para (41)364-2928 ou (41) 364 2188.

Cohapar anuncia desfavelização

O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Luiz Claudio Romanelli, anuncia hoje, às 14h30, as ações para erradicação de favelas e regulamentação fundiária em Curitiba. O anúncio será feito durante o lançamento da Conferência da Cidade, do Movimento Curitiba Bem Melhor, na Casa do Jornalista. A Conferência está marcada para o dia 29 de março, aniversário da cidade.

Romanelli propõe a regularização das favelas como alternativa para o problema das invasões e a situação de emergência social em que muitas famílias vivem em Curitiba, como na Vila Audi. “Vamos implantar o programa Direito de Morar, de regularização de áreas invadidas e de favelas, que atenderá 45 mil famílias que ganham até três salários mínimos”, adiantou. Em 2003, o programa vai regularizar 10 mil lotes.

Romanelli diz que há espaço disponível na cidade para relocação das famílias que vivem em áreas invadidas. “Cerca de 50% do espaço de terra em Curitiba está vazio, servindo para a especulação imobiliária”, afirma.

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