Foto: Fábio Alexandre/O Estado
Moradores do Jardim Bela Vista não entraram em acordo com proprietários do local.

Cerca de 350 famílias do Jardim Bela Vista – aproximadamente 1,2 mil pessoas – correm o risco de ser despejadas, caso em 30 dias não haja um acordo entre os proprietários e os ocupantes da área, que fica no bairro Tatuquara, em Curitiba. Já existe uma ordem judicial para a reintegração de posse, mas o juiz Rosselini Carneiro, da 11.ª Vara Cível de Curitiba, suspendeu o cumprimento da liminar até ontem, quando foi realizada uma audiência de conciliação entre as partes.

continua após a publicidade

Mesmo assim não houve acordo, pois os proprietários querem garantias da Companhia de Habitação Popular (Cohab) de Curitiba e da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) de que, caso vendam a área, o compromisso seja honrado. Por isso a Justiça deu o prazo extra.

Segundo a presidente do conselho da associação dos moradores do Jardim Bela Vista, Vânia Feitosa, em março o prefeito Beto Richa enviou um ofício se comprometendo a ajudar nas negociações e realizar um levantamento do valor da área. "Dormir com uma ordem de despejo debaixo do travesseiro não é nada fácil", desabafa a moradora, explicando que na área, invadida em 2004, moram cerca de 400 crianças e 300 idosos. Até mesmo o Ministério Público se manifestou pela tentativa de conciliação.

O advogado da ONG Terra de Direitos, Vinícius Gessolo de Oliveira, que representa os moradores, informou que o Ministério das Cidades já ofereceu financiamento para os órgãos de habitação locais para que a compra da área ou a desapropriação siga em frente. De acordo com a assessoria de imprensa da Cohab, o órgão se dispôs a prestar assessoria técnica e realizar o cadastro das famílias, mas acrescentou que a política do município é não realizar compras em áreas particulares invadidas para não estimular ocupações.

continua após a publicidade

A assessoria do órgão também informou que o caso de compra também tem como limitador questões orçamentárias e irregularidades na documentação da área. Segundo a Cohab, os proprietários não conseguiram nem mesmo provar se todas as exigências tributárias estavam em dia. A reportagem de O Estado tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Cohapar, mas não obteve resposta.