Quando uma pessoa é presa, toda sua família também acaba sendo aprisionada pelo preconceito e pelo desamparo. Poucas pessoas e entidades, porém, se preocupam com o bem-estar e as necessidades de pais, filhos, irmãos e esposas de quem cumpre pena de detenção. Ontem, o assunto foi tema da segunda edição do Fórum Brasileiro sobre Violência Social e Direitos Humanos, no auditório da Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba.

O evento foi promovido pela Sociedade Brasileira de Apoio, Orientação e Proteção aos Familiares e Menores Filhos de Presidiários (Sofre) e pela Fundação Força Trabalhista do Paraná (Fotrapar). Segundo o presidente da Sofre e da Fotrapar, Walter César, parentes de pessoas presas costumam ser alvos constantes da exclusão. Uma criança, por exemplo, que tem o pai ou a mãe atrás das grades, costuma esconder o fato para não ser vítima do preconceito dos colegas de escola ou mesmo dos professores e diretores.

“O descaso com as famílias de presos é um problema gravíssimo no País”, afirma Walter. “Muita gente o trata (o detento) com preconceito. Até nas portas dos presídios, quando vão visitar seu parente que cumpre pena, costumam ser desrespeitados.” Para ele, a sociedade precisa entender que a família não tem relação alguma com o crime cometido pelo preso.

Dados da Sofre indicam que 90% dos presos são pobres. Muitas vezes, a pessoa detida era a principal provedora de sua casa. Desamparados, os parentes passam a pedir esmolas e até mesmo a furtar para sobreviver, dando origem a um círculo vicioso.

As famílias também ficam psicologicamente e emocionalmente fragilizadas. A todo momento, os parentes pensam em formas de facilitar o andamento do processo do detento, se ele tem medicação, roupas e alimentação suficiente, com o financiamento de atividades a serem desempenhadas pelo preso dentro da cadeia e com possíveis situações de abuso de poder, tortura e crueldade.

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