Família reclama de desapropriação de terra

Há quase doze anos, a família Lopes, do pequeno município de Reserva, na região central do Paraná, vive um drama que não tem hora para terminar. Todo o sofrimento do ex-fazendeiro Anuel Lopes, de 78 anos, patriarca da família, começou quando sua propriedade, a Fazenda Chapadão, de 300 alqueires, foi desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e entregue ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Em 1998, a Fazenda Chapadão era um grande campo de pastagem usado para criação de centenas de cabeças de gado. Enquanto morava em um pequeno sítio na cidade de Cruzmaltina, Anuel deixava a cargo de um caseiro a administração da propriedade. “Era uma grande fazenda, conhecida por todos na região”, afirma José da Silva Leme, genro de Anuel que ajuda a família no processo.

O drama do patriarca começou em 1998, quando sua esposa faleceu, vítima de câncer. Meses depois veio o golpe que iria mudar completamente a vida de toda a família. Anuel recebeu um aviso do Incra que seria feita uma vistoria para saber se as terras da Fazenda Chapadão eram produtivas. No entanto, antes da data estipulada, a fazenda foi invadida por membros do MST. “Ficamos completamente sem saber o que fazer diante de todas aquelas famílias dentro da propriedade do meu sogro”, conta Leme.

Ele procurou o advogado Clóvis Roberto de Paula, que entrou com um processo de retirada dos invasores. A Justiça negou o pedido, por entender que a propriedade servia ao interesse público e decidiu indenizar o dono. Apesar da determinação judicial para pagamento de R$ 300 mil a Anuel, esse dinheiro nunca chegou perto da família. Pouco antes da invasão, o ex-fazendeiro havia tomado um empréstimo no Banco do Brasil e a dívida já tinha vencido. Por isso, a Justiça bloqueou o valor depositado pelo Incra.