Exemplo de solidariedade no último dia do Ramadã

Quase quatro bilhões de quilos de alimentos foram doados para pessoas carentes ontem em todo o mundo. A gigantesca ação fez parte do Id Al Fitr – festejos de encerramento – do Ramadã, mês de jejum, reflexão e preparação do povo muçulmano. No mundo existem um bilhão e trezentos milhões de muçulmanos.

Durante um mês por ano, os muçulmanos jejuam da alvorada ao pôr-do-sol. No último dia acontece uma grande festa. O dia começa com a ida à mesquita logo pela manhã, onde participam de uma oração coletiva, depois relembram dos entes queridos indo ao cemitério, em seguida a confraternização se completa com a visita aos familiares e amigos. Uma das tradições manda cada muçulmano se solidarizar com as pessoas carentes, doando três quilos de alimento a uma pessoa menos favorecida logo na manhã do Id Al Fitr.

No Brasil vivem 1,2 milhão de muçulmanos: 35 mil no Paraná, a maioria na região de Foz do Iguaçu. A capital paranaense abriga cerca de 1,5 mil muçulmanos. O xeque Mohamed Khalil, guia religioso da comunidade muçulmana de Curitiba, explicou que o Ramadã é o momento em que os fiéis se abstêm dos desejos do mundo. Além do jejum e da abstinência sexual, o Ramadã faz com que as pessoas reflitam bem mais antes de agir, evitando males como ira e cobiça. “O principal objetivo do Ramadã é fazer com que o forte sinta a situação do fraco. O rico sinta a situação do pobre. Passando pela situação do outro, se aumenta a solidariedade entre as pessoas e se valoriza a bondade de Deus sobre elas”, explicou o xeque.

Ele afirmou que o Ramadã tem normas rígidas. Ele só pode ser praticado por adultos – no islamismo a fase adulta é a partir dos 9 anos para mulheres e 14 anos para homens -, com plena saúde. A pratica do jejum é proibida para aqueles que viajam durante o mês do Ramadã. Eles devem jejuar apenas quando voltarem aos seus lares.

Equívocos

O xeque aproveitou para esclarecer alguns pontos sobre o islamismo, que muitas vezes são passados de forma errada ao grande público. O primeiro é a ligação direta entre o arabismo e os muçulmanos. Na verdade, segundo o xeque, apenas 22 das 52 nações de maioria muçulmana do mundo são árabes. Os árabes somam apenas trezentos milhões dos mais de um bilhão de muçulmanos em todoo mundo.

Outro ponto diz respeito aos direitos das mulheres. “Na religião muçulmana elas têm direito a estudar, trabalhar, enfim vários direitos como qualquer ser humano. O que é repassado pela mídia, principalmente forjado pelos Estados Unidos, é completamente errado e é utilizado para denegrir a imagem dos muçulmanos”, salientou, destacando que o Ramadã deste ano foi oferecido no mundo inteiro ao oprimido povo palestino.

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