Problemas à mostra

Estudantes registram fotos nada convidativas de Curitiba

Fotos de pichação em prédio histórico e anúncios de prostituição em orelhão tiradas por estudantes estrangeiros se transformaram em cartões postais da exposição “Curitiba pelo Olhar Estrangeiro”. De 200 fotografias, 16 foram selecionadas para fazer parte da mostra, em cartaz desde quarta-feira até o próximo dia 25, no Memorial de Curitiba, Largo da Ordem. A mostra foi organizada pela Rede de Estudantes de Intercâmbio em Curitiba (REI), financiada pela Geração Y, da Aliança Empreendedora. O espaço foi cedido pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC).

Entre os registros de ruas e personagens anônimos, o que chama mais a atenção são as imagens de pichação e anúncios de prostituta em orelhões. O vandalismo não passou despercebido a estudantes estrangeiros – incluindo paraguaios, colombianos, alemães, austríacos e norte-americanos – que residiram em Curitiba de seis meses a um ano.

Escolhas

A foto dos anúncios de prostitutas num orelhão, observado por uma alemã, foi a imagem escolhida para estampar o cartaz que divulga a mostra. Um dos cliques foi feito por um italiano retratou as pichações do mirante Belvedere, nas Ruínas de São Francisco, em pleno centro histórico da cidade. No início do século, o prédio sediou a primeira rádio do estado (PRB-2). Em 2009, após restaurado, passou a abrigar o Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária (BPEC).

Hoje, ali funciona o Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável, mantido pelo governo do estado. Em maio, as pichações na construção foram tema de reportagem do Paraná Online. Apesar de ter sido pintado novamente, a fachada já está novamente danificada. Além do Largo da Ordem, a Praça da Espanha foi um dos locais mais fotografados.

Contrastes escancarados

Para as idealizadoras da exposição, Norma Muller e Gabriela Diniz, da REI, a ideia foi mostrar os contrastes da cidade. O edital da exposição pedia para que os estudantes fotografassem temas do cotidiano e lugares que não são cartões postais de Curitiba. “Ao escolher as fotos, nós optamos pelo jogo entre elas: Temos uma de crianças brincando no Belvedere e outra do prédio pichado. Temos uma foto de urubu e outra de senhoras rezando. São cenas que fogem aos olhos de quem moram aqui, mas chamam atenção dos estrangeiros. Muitas delas vimos todos os dias, como os anúncios nos telefones públicos. Não estamos fazendo propaganda às avessas da cidade. Essa é a realidade da cidade. Não é só o Jardim Botânico”, explicou Norma.

Olhar

A curadora Lucia Demamann Muller explica que que a ideia da exposição surgiu da busca de um novo olhar sobre Curitiba. “Queríamos saber com que olhos os outros nos vêem, muito além daquilo que já sabemos que Curitiba tem de bom, queríamos aquilo que ficou de fora do cartão postal”, disse. Os cartões podem ser comprados pelo email intercambioreicuritiba @gmail.com a R$ 2. O dinheiro, segundo as coordenadores da REI, será revertido para organizar outra exposição.

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