A pirâmide etária brasileira está mudando com o aumento no número de idosos e a diminuição dos jovens. No Paraná os habitantes com mais de 60 anos já representam mais de 11% da população e ultrapassam 1,2 milhão de pessoas, de acordo com o Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o aumento no número de idosos e redução dos jovens, o perfil da sociedade começa a mudar e cresce a demanda para setores como saúde e assistência social, além de uma mudança no perfil do mercado de trabalho e público consumidor.
Essa mudança é um fato considerado irreversível uma vez que há redução no número de filhos das famílias e maior expectativa de vida no país. Mas este sábado, Dia Internacional do Idoso, leva a sociedade a refletir: estamos preparados para o futuro?
Na opinião do médico geriatra e diretor-clínico do Lar dos Idosos Recanto Tarumã, José Mário Tupiná Machado, a velhice não deve ser sinônimo de doença ou dependência. O médico afirma que é possível envelhecer de forma saudável e com disposição. Segundo o geriatra, o ser humano teria condições biológicas de viver até os 130 anos e qualquer morte antes desta idade não é por velhice.
No entanto, o médico alerta que, para vivermos mais e melhor é preciso tomar alguns cuidados com a saúde, cuidar da alimentação, praticar exercícios físicos e fugir de hábitos prejudiciais como fumar. “
Tupiná também afirma que a sociedade precisa olhar de frente a velhice e aprender como cuidar das pessoas mais velhas. Para o geriatra, a mudança na forma de enxergar o idoso passa também por uma alteração nos valores de um país capitalista, competitivo, como a crença tão comum no Brasil de que o idoso não produz mais e não teria como contribuir para a sociedade.
“Outra postura é aceitar que o idoso é inteligente, é apto. Ele tem uma história, tem experiência, é sábio, lúcido e tudo isso dá a ele o direito a continuar exercendo uma cidadania plena. E a sociedade pode sugar dele tudo o que a vida lhe ensinou e usar da sua sabedoria e da sua experiência para que o mundo seja melhor. E para isso, o idoso será consultado, ouvido e vai participar das decisões políticas do país”, definiu.
Para Marisa Ravaglio, socióloga aposentada e vice-presidente do Lions Clube de Curitiba-Gama (Grupo de Apoio Mãos Amigas), a percepção da sociedade em relação a velhice já está mudando e os próprios idosos se organizam para dizer o que desejam. “A gente vê evolução quanto ao respeito, a dignidade, a força e até o protesto. O idoso sabe o que ele quer.”
O Lions faz parte do Fórum Popular Permanente da Pessoa Idosa de Curitiba e Região Metropolitana que todo mês se reúne para ouvir as reivindicações e discutir as necessidades dos idosos.
Disposição
Marisa acredita que as condições de saúde e de qualidade de vida da terceira idade também melhoraram devido a uma atuação maior dos órgãos públicos e a oferta de programas e projetos voltados ao público.
Ela não revela a idade, mas garante que se sente com 20 anos. Continua trabalhando, dirige sozinha, sai com os amigos e se diz superatualizada com tudo o que está acontecendo no mundo. Para ela, o maior elogio é reconhecimento das pessoas sobre a independência e a disposição para vida que ela demonstra até hoje.
Disposição também não falta para Guiomar Batini, 60 anos. Ela enfrentou o sol e o calor para se encontrar com as amigas e mostrar que está “com tudo em cima” durante a III Caminhada dos Idosos de Curitiba e Região Metropolit,ana, realizada nesta sexta-feira (30) no Parque Barigui.
“Os filhos estão crescidos. Agora, que fiquem para lá”, conta, dando risada. “O povo que ficar em casa não sabe o que está perdendo”, diz. Ela ensina que, com uma atividade simples, como a aula de ginástica, é possível conseguir três ótimos benefícios: conhecer pessoas diferentes, fazer amizades e manter uma boa saúde. Tudo isso possibilita atividades que antes, mais jovem, ela não conseguia fazer, como viajar e passear bastante. “Hoje é o céu”, revela.
