Não adianta insistir. Chegar em qualquer barracão de escola de samba de Curitiba e pedir para fazer fotos dos carros ou demais alegorias é uma missão impossível. Faltando menos de cinco dias para os desfiles, nem tudo está pronto, mas mesmo assim é segredo absoluto. O objetivo é surpreender na avenida.

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Porém, mais do que a preocupação com os rivais, as escolas de samba da capital garantem que esse não é o principal problema que enfrentam, mas sim a questão dos recursos financeiros para elaborar a festa. Neste ano, a verba chegou há pouco mais de duas semanas, e de acordo com representantes das escolas, não é suficiente.

As agremiações receberam da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) R$ 40 mil, quantia que geralmente é complementada com festas e demais eventos. “O dinheiro já acabou. Agora, só do bolso, com garra e determinação, pois não temos nenhum patrocínio”, afirma o intérprete e compositor da Embaixadores da Alegria, Ernani Rodrigues. Localizada no Santa Quitéria, a escola de 300 componentes já investiu cerca de R$ 20 mil a mais do que recebeu e deve terminar a preparação dos carros alegóricos em cima da hora. As fantasias já estão finalizadas.

Marco André Lima
Ernani está há 20 na Embaixadores da Alegria.

Na Mocidade Azul, sediada no Fazendinha, o ritmo também é de correria para terminar as alegorias, o que, para o carnavalesco Ricardo Garanhani, faz parte do Carnaval, assim como a dificuldade com os recursos financeiros. “É um problema histórico, mas tentamos suprimir a dificuldade. Esperar a verba faz parte do trabalho”, conta. A preparação começou em agosto do ano passado e a previsão é que termine ainda na sexta-feira. Ricardo aponta ainda outro desafio: o espaço. Para ele, um barracão ajudaria a adiantar a preparação das escolas.

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Paixão e alegria

Aos 28 anos de idade, Ernani Rodrigues está há 20 na Embaixadores da Alegria e durante a preparação para o desfile se dedica integralmente à escola, que neste ano comemora 65 anos com o enredo “Hoje tem palhaçada? Tem sim, senhor… A Embaixadores é só Alegria”.

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Ele conta que há mais de uma semana dorme no barracão e espera ver sua escola consagrada como campeã de 2013. ‘Vamos terminar o carro na avenida, mas também levar o caneco. Meu grito de guerra será para que cada um sinta isso‘, garante. A escolha do enredo faz ainda um protesto pelo que a escola considera como descaso da organização do Carnaval na cidade. “Curitiba tem samba sim e, se tiver o devido valor, não fica devendo nada para Rio de Janeiro ou São Paulo”, critica.

Superação

“Não temos patrocínio, temos apaixonados. Toda essa correria se transforma em adrenalina para o desfile”, também reconhece o carnavalesco Ricardo Garanhani, da Mocidade Azul, escola que irá levar para a avenida 500 integrantes com o tema “O reino encantado do Carnaval. De folião, Mocidade e louco todo mundo tem um pouco”.

Há quatro anos na agremiação curitibana, Ricardo já participou do Carnaval do Rio de Janeiro, mas garante que não precisa mais da folia carioca. “Dependendo do envolvimento com as coisas, não interessa se o desfile vai aparecer na TV ou não. Já nos sentimos ganhadores porque nos superamos. Estamos muito felizes com os resultados que conseguimos”.

Marco André Lima
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Na Mocidade Azul, correria pra terminar as alegorias e fantasias.

Escolas de Curitiba correm contra o tempo pra deixar tudo pronto pro desfile. Veja no vídeo.