Uma escola itinerante, capaz de realizar cursos de qualificação entre conselheiros tutelares de todo o Paraná, é o objetivo do projeto Escola de Conselheiros, lançado ontem em Curitiba. O projeto integra o Plano Estadual de Segurança Pública, encaminhado pelo Paraná a Brasília como ação de prevenção à violência, e visa à plena aplicação dos direitos da criança e do adolescente em todo o Estado. Em Curitiba, as eleições para conselheiros tutelares acontecem no próximo dia 30. São 40 vagas para um universo de quase 270 candidatos.

“A Escola de Conselheiros é um centro que se propõe a estudar e divulgar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Todo o currículo tem como base esta lei”, explica a assistente social Ana Maria Guimarães Travagim, idealizadora do projeto e especialista em políticas públicas. Segundo ela, um dos principais desafios é fazer com que a sociedade conheça melhor o ECA. “A sociedade precisa conhecer mais o Estatuto para apoiar a sua implementação. O Estatuto existe há 13 anos, mas há ainda muita incompreensão: acham que ele existe apenas para proteger a criança e o adolescente, quando na verdade não é apenas isso”, diz. Segundo Ana Maria, os principais problemas das crianças e adolescentes estão relacionados à negligência -abuso sexual, espancamento, falta de escolarização.

Para o consultor do Centro de Assessoria aos Programas de Educação para Cidadania, Ricardo Balestreri, a questão principal é diagnosticar as raízes dos problemas entre crianças e adolescentes. “Uma das raízes é a desigualdade social, que incrementa o fenômeno da violência. Também falta o cumprimento do papel de educador por parte da família, da escola, da mídia”, analisa. Para Balestreri, é justamente a educação a alternativa para acabar com a violência entre jovens. “A responsabilidade de educar não é apenas do pai, da mãe, do professor. Há profissões ?chaves?, como do médico, jornalista, policial, que também devem desempenhar o papel de educador”, defende.

Conhecimento

Para a conselheira tutelar Maria Lúcia Mendes Vasconcelos, de 35 anos, não basta ocupar o cargo pensando apenas no salário. “Tem que gostar de crianças e ter conhecimento sobre o assunto. A existência da escola é muito positiva nesse sentido”, acredita. Maria Lúcia conta que trabalha no mínimo 8 horas por dia, ganha R$ 514,00 e atende entre dez e quinze casos diariamente. “Nosso trabalho é de atender as crianças e adolescentes em situação de risco. As denúncias normalmente são anônimas”, revela.

Serviço: A eleição para conselheiros tutelares em Curitiba acontece no dia 30, das 8h30 às 11h e das 14h às 17h30. Qualquer cidadão maior de 16 anos e eleitor em Curitiba pode votar. Informações: (41) 373-5565 / 250-7918 ou nas Ruas da Cidadania e Regionais da FAS.

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