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Escola ajuda a entender relação com idosos

A biblioteca do Colégio Estadual Santa Rosa, no Cajuru, se tornou um ponto de encontro dos alunos com seu próprio futuro. Quem comanda a viagem é a professora Roseli Correia, que há cerca de dois meses montou no local a instalação “A dor de se tornar invisível”. O objetivo é incentivar nas crianças e adolescentes o respeito aos idosos, fazendo com que elas se imaginem no lugar das pessoas mais velhas e como elas mesmas serão daqui a quarenta ou cinquenta anos.

Desde que começou a trabalhar na escola, há cerca de 15 anos, Roseli vem observando no dia a dia, na mídia e dentro do próprio colégio, casos de desrespeito e descaso com as pessoas de idade avançada. “Os jovens geralmente não conseguem fazer uma relação deles próprios com os idosos. É uma coisa muito distante. Queremos chamar a atenção para que eles percebam que a velhice é parte do mundo deles e um futuro que espera por todos nós”, diz a professora.

Felipe Rosa
Exposição criada por professora de colégio estadual estimula jovens a refletirem sobre relacionamento com os mais velhos.

A instalação não ocupa mais do que um canto da pequena biblioteca. Os recursos são singelos: um banner improvisado, cartazes com fotos, um simples sistema de som… “Fiz uma seleção de imagens na internet, de idosos e objetos antigos. É como muitas pessoas enxergam as pessoas de mais idade. É cultural ver o idoso como um objeto sem serventia. Queremos desconstruir essa ideia”, explica Roseli.

Os Caçadores de Notícias acompanharam a visita dos alunos de uma turma da oitava série. No início um tanto dispersas, as crianças de 12 a 14 anos vão sendo atraídas cada vez mais pela atividade. O relato de professores sobre situações vividas no dia a dia, o áudio com o depoimento de um idoso e a conversa sobre o relacionamento com os próprios pais e avós incentivam a reflexão. Mas o maior impacto fica para o final.

Reações surpreendentes

Felipe Rosa
Roseli mostra aos estudantes que a velhice é um futuro que espera por todos nós.

Roseli tira fotografia dos alunos com um celular e um aplicativo prepara a surpresa: em poucos segundos, mostra como será o visual da pessoa fotografada daqui a 45, 50 anos. “É incrível ver a reação. Eles se assustam, alguns ficam sem palavras, outros gritam, muitos ficam com vergonha. É muito real e faz com que elas se ponham no lugar dos mais velhos e vejam como podem ficar no futuro. Muitos nunca tinham parado para pensar que eles também vão envelhecer”, conta Roseli.

Lucas Denilson dos Santos, de 14 anos, foi um dos mais surpresos. “Caramba! Fiquei parecido com meu avô. Nunca tinha me imaginado assim, igual a ele. É uma sensação muito estranha”. Joyce Ferreira Neves, 12, também levou um susto com o resultado. “Vou lembrar sempre disso ao ver uma pessoa idosa. Valeu a pena ver”.

Em dois meses, cerca de 300 dos 1.800 alunos do colégio já visitaram a instalação e muitos levaram os pais. Empolgada com o projeto, a diretora Maria de Fátima Batistela levou o projeto para além dos muros da escola, divulgando na comunidade e para a imprensa. “Queremos construir uma escola que não fique presa só no conteúdo das aulas, mas prepare para a vida. Este pode ser um momento de reflexão que faça diferen&c,cedil;a na vida dos estudantes, que podem fazer a transformação da sociedade”, acredita.

Felipe Rosa
Joyce: vou lembrar sempre disso ao ver uma pessoa idosa.