Entidades discutem prostituição

Diversas questões ligadas à realidade da mulher prostituída foram discutidas nos últimos dois dias, durante o 1.º Seminário Paranaense sobre Prostituição, HIV, Aids e Direitos Humanos, em Curitiba. Setenta prostitutas e profissionais de saúde do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e de onze cidades do Paraná participaram do evento, organizado pelos grupos Dignidade e Liberdade, ambos de Curitiba.

A capital paranaense abriga milhares de prostitutas. A média de idade delas é de 28 anos. “A maioria das mulheres que começa a trabalhar como prostituta decide assim devido a fatores socioeconômicos. Todas elas sustentam os filhos e muitas vezes outros membros da família com o que ganham na profissão que exercem”, quem conta é a presidente do grupo Liberdade, Carmem Costa, e sua parceira, Luciane Machado, coordenadora do projeto Casa Vida, pertencente ao Grupo Dignidade.

As mulheres, segundo dados dessas entidades, trabalham em cerca de 2.100 locais de Curitiba, entre praças, ruas, boates e bares. Ganham, mensalmente, de R$ 300,00 a R$ 2.000,00. “A renda delas é muito variável e depende do local onde elas trabalham. Nas ruas, geralmente elas ganham bem menos. Em algumas boates, consideradas mais sofisticadas, o ganho é maior”, explicam.

Durante o seminário, foi discutida a legalização da prostituição como profissão. Segundo Carmem, já existe um projeto de lei, elaborado há dois anos por Fernando Gabeira, que prevê a legalização. “Para que o projeto seja aprovado, é necessário que haja a discriminalização da atividade pelo Código Penal de 1940, que coloca como crime o favorecimento da prostituição”, diz.

Também foram abordados assuntos como doenças sexualmente transmissíveis, controle social, papéis da Igreja, direitos das mulheres prostitutas, o papel das universidades, entre outros.

Mulheres

No dia-a-dia, as mulheres que trabalham como prostitutas travam uma luta constante pela sobrevivência e contra a discriminação. “O preconceito contra a prostituta é muito grande”, lembra Paola Eduardo, de 37 anos, que começou a trabalhar como prostituta aos 30 anos para poder sobreviver. “Trabalho nas ruas e praças e muitas vezes sou ofendida e xingada pelos pedestres. Uma vez, apanhei de policiais e não fiz nada para merecer a surra, que me deixou um dia sem poder trabalhar. Eles me bateram simplesmente porque eu estava na rua esperando cliente.”

Para Márcia de Souza Barbosa, 30, que trabalha como prostituta desde os 23 anos, o maior problema que as profissionais do sexo enfrentam na atualidade são os clientes que desejam ter relações sexuais sem o uso de preservativo. “Muitos homens ainda insistem em transar sem camisinha”, conta. “Nunca aceito, pois sei os riscos que corro. Converso com eles sobre a importância do preservativo e, quando eles não entendem, desisto do trabalho.” Márcia trabalha em um bar em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Com o que ganha por mês – de R$ 500,00 para cima – consegue sustentar três filhos e ainda ajuda os irmãos e sobrinhos.

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