Engenheiros dos EUA apontam falhas em usina

A construção de uma usina especificamente para tratar o combustível da Usina Elétrica a Gás de Araucária (UEG), concluída no governo passado e que teve um custo de US$ 43 milhões, não era necessária. Essa foi a indicação dada pelos engenheiros da Calpine Corporation, uma das principais empresas de energia elétrica dos EUA, que visitaram a usina ontem.

A comitiva veio ao Paraná a convite do governador Roberto Requião, que quis retribuir a recepção dada pela Calpine à delegação paranaense que esteve no Texas em agosto para conhecer o sistema elétrico americano. Na semana passada, os engenheiros da Calpine haviam enviado à Copel as novas especificações que a Siemens-Westinghouse passou a usar, a partir de novembro do ano passado, nas suas turbinas 501FD2, que são as usadas pela UEG Araucária. Essas especificações foram alteradas e agora permitem que se use o gás que chega da Bolívia, sem tratamento. Na visita à EUA, os americanos confirmaram essas informações.

A Usina de Araucária foi dada como pronta há um ano e até hoje não gerou um único quilowatt-hora de energia. Ela apresenta problemas de ordem técnica e de segurança que impedem o seu funcionamento. Algumas das grandes falhas no projeto estão relacionadas com a usina de tratamento de combustível. Elas incluem a construção de cinco tanques, um de nafta (gasolina bruta) e quatro de GLP (gás liquefeito de petróleo) muito próximos à usina, criando o risco de explosão.

O outro grande problema da usina é da sua freqüência de operação. As duas turbinas Siemens-Westinghouse da UEG não têm garantias do fabricante para operar na faixa de 58 a 57 hertz, que são exigidas pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro).

A UEG tem uma capacidade de geração de 490 megawatts. Ela é de propriedade de uma sociedade entre a El Paso, que detém 60% do negócio, a Copel e a Petrobras, que têm 20% cada uma. A Copel, além disso, é obrigada por contrato a comprar toda a capacidade de geração da UEG.

Na visita, os diretores da Calpine, Marc Van Patten e Peter Sobieski e os gerentes Jim Bagley e Christopher Jones confirmaram que usam sistemas semelhantes ao da UEG e que podem dar uma orientação para a Copel sobre como operar a usina. “Com alguns ajustes e pequenas modificações, a usina pode começar a gerar energia”, disse o diretor da empresa, Mark Van Patten.

“Os engenheiros da Calpine estão otimistas, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até ajustarmos todo o equipamento e colocarmos a usina realmente em funcionamento”, ponderou Raul Munhoz, gerente da UEG.

Voltar ao topo