Chuniti Kawamura
Apesar do movimento nas praias,
hotéis e pousadas estão vazios.

O alagamento ocorrido há uma semana em Matinhos, a falta de água em Guaratuba e a precária coleta de lixo em quase todas as praias paranaenses fizeram com que o turista se afastasse do litoral do Estado. Os hotéis e pousadas, que ficaram lotados entre o Natal e o Ano Novo, estão quase vazios. Na maioria o movimento caiu entre 50% e 70% em relação ao mês de janeiro de anos anteriores.

A gerente do hotel Praia & Sol, de Matinhos, Vanilda Soares dos Santos, acredita que os turistas se assustaram com o alagamento e, por isso, resolveram ir embora. “Esperava que meu estabelecimento estivesse lotado”, conta. “No Natal, eu estava com oitenta hóspedes. Hoje, estou apenas com vinte.” Segundo ela, muitas pessoas que passaram a noite do Ano Novo na praia e emendariam a semana, ficando no município até o último domingo, foram embora já no dia 3, quando a chuva começou. Devido ao prejuízo, Vanilda conta que não vai poder repor dois funcionários que pediram demissão nesta temporada.

No hotel e pousada Tâmara, também em Matinhos, o gerente Walid Omairi já começa a pensar em demissões. Ele diz que, se o movimento continuar fraco, não vai ter como continuar a manter todos os funcionários. “O movimento caiu entre 60% e 65% em relação ao ano passado”, revela. “É uma decepção. Espero o ano todo pelo verão para ter algum lucro. Este ano, pelo visto, não vou ter nenhum.”

No estabelecimento de Walid, muitas reservas foram canceladas e alguns clientes que enfrentaram a enchente até se recusaram a pagar a conta. Para outros, o gerente teve que dar descontos nas diárias. “Dei descontos para conquistar a simpatia e não perder os clientes, porém alguns não aceitaram a cortesia e se recusaram a pagar a conta, se dizendo insatisfeitos não com o estabelecimento, mas com a falta de infra-estrutura de Matinhos”, afirma. “O triste é que muitos dos meus hóspedes eram do Rio, de São Paulo e de outras regiões brasileiras. Devem ter levado uma imagem muito ruim de nosso Estado.”

Em Caiobá, a dona da Pousada Leonardo, Luíza Niedzviki, também está com os quartos de seu estabelecimento vazios. Para tentar atrair a clientela, ela manteve os valores das diárias aplicados no decorrer do verão passado e ainda está dando descontos. Mesmo assim, vai sair no prejuízo. “Tento incentivar os clientes para que venham à pousada, mas nada dá resultado”, lamenta. “Há algum tempo, eu tinha clientes o ano todo. Desta vez, não estou tendo nem no verão, que sempre foi a época mais lucrativa e movimentada do ano.”

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