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Empresários querem revitalização de Santa Felicidade

O endereço dos eventos onde se celebram alianças políticas e outros encontros durante as campanhas eleitorais da capital também quer entrar para o mapa dos projetos e investimentos dos políticos eleitos. O empresariado de Santa Felicidade se ressente da falta de apoio do poder público para as demandas do bairro e há um consenso de que essa realidade precisa mudar imediatamente.

Prova disso é que os candidatos à prefeitura deste ano receberam uma pauta de reivindicações concentrada principalmente na revitalização do trecho turístico da Avenida Manoel Ribas, que inicia na cruz (esquina com a rua Nicolau José Gravina) até a esquina da Rua Saturnino Miranda. E o projeto passa pelo segundo ponto mais solicitado, a criação de uma nova via paralela como alternativa viária para desafogar o trecho turístico e melhorar o fluxo de trânsito na região. “Todas as iniciativas em prol dos visitantes foram dos empresários daqui. Até agora não tivemos uma prefeito que olhasse por Santa Felicidade”, avalia a presidente da Associação do Comércio e Indústria de Santa Felicidade (Acisf), Ana Lucia Leite Moro.

Ela cita que o descaso tem acarretado em prejuízos. “Estamos de fora do eixo de divulgação das atrações turísticas do Paraná em função da ausência de atenção. Não temos bancos nem banheiros públicos para melhor atender quem vem para cá”, explica, acrescentando que as calçadas sem padronização agravam a impressão de abandono. “É indispensável que Santa Felicidade deixe de ser apenas o local preferido dos políticos para promover banquetes e passe a ocupar um papel estratégico na promoção do turismo”.

Além da expectativa em torno do novo prefeito Gustavo Fruet (PDT), o bairro elegeu três vereadores da região: Aldemir Manfron (PP), Edmar Colpani (PSB) e Mauro Ignácio (PSB).

Padrão mundial

A região de Santa Felicidade pode se tornar exemplo para o mundo de projeto de meio ambiente dentro das cidades, aliando áreas nativas, recuperação de rios, ocupação correta das margens e o uso de tudo isto pela população. A opinião é de Francisco José Pereira de Campos Carvalho, professor adjunto do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente do Fórum Pró-Barigui, que reúne 60 entidades para discutir e acompanhar a Bacia do Rio Barigui.

De acordo com ele, Santa Felicidade pode ser contemplada com um grande projeto para recuperação da Bacia do Rio Barigui, incluindo os rios Cascatinha e Uvu, que cortam a região. Não apenas para a despoluição das águas, mas também com a ligação entre os parques e demais áreas de mata nativa que ainda existem no bairro. “Não tem nenhum lugar onde há maior densidade de área verde, que podem ser unidas inclusive com mobilidade, como o caso da ciclovia. É um novo tempo de meio ambiente e onde tem tudo propício para começar é Santa Felicidade, que pode se tornar o padrão no mundo”, comenta.

O fórum aguarda recursos para fazer o projeto de detalhamento dos parâmetros que serviriam de base para as ações do poder público na região do Rio Barigui. Em uma audiência pública, Carvalho já solicitou recursos da Prefeitura de Curitiba para o trabalho.

Despoluição

O fórum foi criado após o lançamento do projeto Viva Barigui – entre 2006 e 2007 -, que pretende recuperar a bacia com a conservação e recomposição de áreas nativas, reorganização da ocupação nas margens e melhoria da qualidade da água. “O objetivo é deixar o Rio Barigui em condições de qualidade até 2016”, esclarece Carvalho.

De acordo com ele, algumas ações já aconteceram, inclusive sobre a educação ambiental, na região. Muitos moradores fizeram as ligações regulares de esgoto a partir do esforço do projeto e do fórum. “Estava na hora de um projeto certo para a bacia. Não vejo outra solução a não ser retirar totalmente o esgoto do rio”, comenta Carvalho. Isto incluiria a retirada de estações de tratamento de esgoto da bacia.