Empresária será catadora de papel por um dia

Apesar de serem encontrados quase em todo o lugar, ainda não se conhece profundamente a realidade dos catadores de papel, que participam de uma atividade que se proliferou nas ruas de Curitiba. Quanto gastam, quanto ganham, quantas horas trabalham por dia. Com o objetivo de conhecer um pouco mais essa realidade para a elaboração de projetos destinados a essa parcela da população, a fotógrafa e empresária Adriana Tissot vai sentir na pele como é a vida dos catadores em uma caminhada a ser realizada até a primeira quinzena de novembro.

Ela explica que a idéia surgiu após uma tentativa de fazer uma exposição de fotos com uma espécie de “antes e depois”: primeiro com os catadores trabalhando e depois eles produzidos, com cabelo cortado, maquiagem e barba feita. A intenção era mostrar que são pessoas como as outras, mas que não conseguiram uma oportunidade e que não merecem o preconceito de muitos. “Não é justo você dizer a eles que sabe o que estão sentindo, o quanto é pesado, se você nunca sentiu isso realmente. Em um dia isso também não será possível, mas vai dar uma idéia, por sentir na pele”, afirma Adriana.

Ela e o estudante de Jornalismo Felipe Melo Lima vão pegar um carrinho e passar o dia inteiro recolhendo papel nas ruas, sem levar dinheiro para a alimentação. “Lógico que vão ver que não somos carrinheiros, mas poderemos fazer perguntas para saber como vivem, o que sentem, e verificar os olhares que os outros dão quando cruzam com eles. Tudo isso para chegar em uma vida melhor para os catadores e encorajá-los a continuar”, comenta.

Adriana classifica essas pessoas como sobreviventes da crise pela qual passa o Brasil: “Muitas têm capacidade para trabalhar, mas estão catando papel por falta de oportunidade. Quando a crise passar, talvez trabalhem em outra coisa. Hoje não são apenas os miseráveis que estão fazendo isso para sobreviver”. Os principais questionamentos serão quantas horas de trabalho são praticadas, quanto dinheiro rende e o que se faz com ele. “Com essas perguntas chave, poderemos orientar sobre o uso do dinheiro e ensinar como render mais”, aponta a empresária. Além disso, Adriana vai perguntar com o que gostariam de trabalhar e as vocações que os catadores acreditam ter. “Com certeza vamos encontrar surpresas.”

Projeto

As respostas servirão como base para a elaboração de um projeto que visa a atender às necessidades dos catadores. Adriana e alguns parceiros visitaram locais de invasão, principal reduto deles, e notaram que os problemas a ser resolvidos são simples. As Moradias Pantanal foi o lugar que mais chamou a atenção. Assim, eles vão ajudar na colocação de manilhas e calçamento no local, além da construção de uma creche, principal reivindicação das mães catadoras. Um dos meios para isso é contar com o auxílio de uma empresa de reciclagem. Ela poderá comprar todo o lixo recolhido pela comunidade e, em troca, financiar a construção e ajudar na manutenção da creche. A viabilidade desse projeto ainda está sendo estudada pela empresária e seus parceiros.

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