Empresa garante estudo a seus funcionários

Rosa Maria Alves Vieira, 30 anos, levantou cedo ontem mas não foi trabalhar. Para ela e mais 122 colegas o dia era de folga para se prepararem para a própria formatura. A maioria deles havia abandonado os estudos por dificuldades financeiras e falta de tempo, mas agora conseguiu concluir o ensino fundamental e médio freqüentando aulas na empresa onde trabalham. O projeto é desenvolvido no grupo Sonae há 12 anos. Já se formaram no Paraná mais de 1,5 mil pessoas.

Rosa lembra que parou os estudos quando tinha 14 anos e cursava a sétima série. Os pais ficaram doentes e ela teve que ajudar no orçamento doméstico. Só pode retornar à vida acadêmica agora, devido às condições especiais oferecidas pela empresa. Ela chegava na empresa às 6h30, trabalhava até as 14h30 e depois passava duas horas por dia na sala de aula. “Era corrido. Às vezes, ia de uniforme e tudo. Mas o meu sonho era ter um diploma,” comenta. Agora, ela faz planos. Vai tentar vestibular de inverno para Administração.

A coordenadora do curso, Eneida Ribas, comenta que o programa funciona em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, que prepara um currículo diferenciado para esses alunos e os professores são pagos pela empresa. Em um ano, eles podem concluir o ensino fundamental e em outro o Ensino Médio. Hoje são dez salas de aula em Curitiba e 600 alunos em todo o Estado. Ela diz que uma das principais vantagens do curso é a facilidade que os colaboradores (funcionários) têm de acesso ao ensino. “Fora daqui eles teriam dificuldade de compatibilizar os horários. Muitas vezes, a escola fica longe de casa e ainda há problemas com os custos”, comenta.

Luizmar de Freitas, 22 anos, estava recebendo ontem o diploma de Ensino Fundamental e já estava estudando o Ensino Médio. Diz que entrou na empresa há quatro anos e só agora resolveu voltar aos bancos escolares. “Perdi muito tempo”, lamenta. Mas vê boas perspectivas para o futuro. Quer tentar o curso de Nutrição. “Sou padeiro e vou continuar na área em que atuo”, diz.

Mas além de tentar o Ensino Superior, os funcionários também têm chance de crescer na própria empresa. Segundo o diretor de Recursos Humanos, Milton Hendges, existe um plano de carreira que beneficia quem estuda. Há casos de pessoas que entraram como repositor e agora ocupam gerências.

Quanto à qualidade do curso, Eneida afirma que está sendo lançada uma semente e que o processo educacional é continuo. “É uma forma de agilizar a vida escolar dos alunos e sempre incentivamos que continuem os estudos”, diz.

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