Chuniti Kawamura
Mocidade reclama do resultado.

Terminou em tumulto a apuração das notas das escolas de samba, ontem, no Memorial de Curitiba. Assim que todas as notas foram divulgadas, membros das escolas derrotadas, revoltados com o resultado, discutiram com os representantes da liga das escolas de samba, culminando em quebra-quebra, que impediu a oficialização do resultado.

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?Só não foi possível fazer a entrega dos troféus, que será na próxima semana, mas o resultado oficial é esse, não haverá mudança?, garantiu o presidente da Liga, Saul D?Ávila. Assim, a Embaixadores da Alegria conquista seu tricampeonato, com Acadêmicos da Realeza sendo a vicecampeã e a Mocidade Azul ficando com a terceira colocação. Unidos de Pinhais e Jesus Bom a Beça ficaram em quarto e quinto.

?Absurdo?

A confusão ocorreu porque representantes da Mocidade Azul e Acadêmicos da Realeza descordaram das notas dos jurados. ?A Embaixadores atrasou cinco minutos, e não foi descontada. Por causa do atraso, a escola teve que correr, mesmo assim, tirou 10 em harmonia?, contestou Márcia Barbosa, tesoureira da Mocidade.

A reclamação ganha peso porque a presidente da escola vencedora, Suzi D?Ávila, é irmã do presidente da Liga. ?Isso é absurdo. Esses privilégios à Embaixadores já vêm ocorrendo há alguns anos?, reclamou Márcia. ?É por situações como essas que a Mocidade Azul vem cogitando a desfiliação da Liga e os acontecimentos de hoje (ontem) não nos deixam outra escolha. Esperamos posições duras também das outras escolas?, concluiu.

Argumentos

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Para Saul D?Ávila as reclamações não procedem. ?Eles estão reclamando dos jurados, eu não participo da escolha. As próprias escolas escolheram o presidente da comissão de jurados que apresentou 36 candidatos, dos quais, as próprias escolas escolheram os 18 que atribuíram as notas?, explicou. Quanto à possível saída da Mocidade Azul, Saul declarou apenas que ?seria uma pena, mas as escolas são livres para tomar essas decisões?.

Folia foi até a madrugada

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 Foliões de todas as idades lotaram no sábado à noite os dois lados da Avenida Cândido de Abreu para ver o desfile das escolas de samba. Mais de duas mil pessoas se apresentaram, distribuídas em sete escolas e dois grupos especiais. Eles embalaram até a madrugada a alegria do público, estimado, pela Polícia Militar, em 6 mil pessoas.
Antes de começar o desfile, às 18h, os grupos especiais começaram a se apresentar. Quem abriu a festa foi o Bloco dos Sujos, depois o grupo Afoxé, seguido pelo Rancho das Flores, bloco da terceira idade. Só às 19h30 a primeira escola pisou na avenida, a Escola de Samba Unidos do Bairro Alto, do grupo B. Em seu enredo prestou homenagem a São José dos Pinhais. Os carnavalescos contaram a trajetória da cidade, desde o início da colonização, passando pelo ciclo do ouro, imigração, até hoje, com o desenvolvimento da indústria e do comércio.
A segunda do grupo B a desfilar foi a escola Os Internautas. Falaram do mundo encantado do Sítio do Pica-pau-amarelo, com muitas crianças. Em um dos carros, dona Benta contava histórias aos pequenos. E foi justamente isto que chamou a atenção de Andréia Lopes, 28. ?As crianças mostram até mais alegria que os adultos durante o desfile. Tinha criancinha com chupeta?, disse.

Povo se empolga na avenida

A primeira escola do grupo A a entrar na avenida foi a Unidos de Pinhais, fazendo homenagem às montanhas do rei Salomão. A escola teve problemas com as fantasias: parte da saia de uma das baianas e o enfeite do vestido da porta-bandeira se soltaram, mas seguiu firme, tentando mostrar alegria ao público.
Depois foi a vez da Jesus Bom à Beça. O enredo baseado na Bíblia, levou a criação do homem e do seu crescimento, em todas as fases da vida: a infância, adolescência, juventude, adulta e a terceira idade. A abre-alas Clarice de Oliveira, de 42 anos, conta que há 9 desfila pela escola. ?É a oportunidade de falarmos do amor de Jesus às pessoas. Muitas não vão à igreja e aqui estamos falando de forma que estão dispostas a ouvir?, comenta. A pequena Fernanda Rodrigues, 9, se apresentava pela quarta vez e repete o discurso. ?Me divirto e evangelizo as pessoas.?
Um pouco da Amazônia esteve no desfile da Acadêmicos da Realeza. A escola lembrou o Festival Folclórico de Parintins, com o enredo ?A maravilhosa viagem ao mundo dos bois?. A quarta escola a pisar na avenida foi a Mocidade Azul, contando a história da África, com o enredo a ?Saga de uma rainha negra nos reinos do Congo?. Nzinga Nbandi foi uma das maiores governantes da história africana, sendo símbolo de resistência à colonização européia.

Baile

A última escola a desfilar foi a Embaixadores da Alegria, campeã do ano passado. Eles levaram para a avenida o enredo: ?Água, a essência da vida?.
 Depois do desfile, o público brincou no baile popular.