Embaixador do Oeste vai deixar saudade no Paraná

O idealista Antônio Bordin, falecido no último dia 18 de julho, foi um verdadeiro embaixador da região de Foz do Iguaçu. Nascido em Casca (RS), em 26 de novembro de 1912, ele chegou a Foz em 1950, com a intenção de instalar uma estação rodoviária. Bordin se apaixonou pela cidade e, entre idas e vindas, se instalou no município dois anos depois, ajudando a região Oeste do Paraná a crescer.

Entre outros trabalhos, esteve presente na criação do município de Palotina; no projeto da estrada federal que atualmente é a BR-277; na construção das pontes da Amizade e Tancredo Neves; na implantação do ensino médio na cidade de Céu Azul; no surgimento do mosteiro Cristo Rei das Irmãs Carmelitas, e na luta pela reabertura da Estrada do Colono.

Depois de vir a Curitiba, em 1952, Bordin retornou para Foz, pois nunca havia esquecido as belezas naturais das Cataratas do Iguaçu e do ponto estratégico das três fronteiras (Brasil, Argentina e Paraguai). Quando voltou, assinou contrato como inspetor de vendas na empresa colonizadora Pinho e Terra.

Bordin lutou pela melhoria das condições oferecidas à comunidade da região. Fundou e foi residente do município de Palotina, onde foi vereador. No final de 1955, assumiu o cargo de vereador mais votado na cidade de Guaíra.

Na segunda metade da década de 60, ajudou a montar em Céu Azul a Congregação das Irmãs Carmelitas da Caridade, que começou as atividades no dia 26 de novembro de 1970, contando inicialmente com nove irmãs. Na mesma cidade, criou um hospital beneficente e uma escola para 1.ª e 2.ª séries, com ordem especial do ministro da Educação daquele tempo para seu funcionamento. Atualmente, o estabelecimento pertence à rede estadual.

Em 1973, Bordin assumiu a direção da Santa Casa Monsenhor Guilherme, em Foz do Iguaçu, que enfrentava uma situação crítica na área administrativa, com déficit financeiro, excessiva carga de atendimento e obras paradas há um ano e meio. Foi nesta época que se notabilizou. Viajou até Curitiba, onde obteve ajuda do governador Ney Braga, resgatando o hospital das dificuldades. Outros empréstimos e auxílios fizeram com que as obras da Santa Casa fossem terminadas. A entidade passou a contar com aproximadamente 110 leitos, além de salas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), berçários, centros cirúrgicos, clínicas de pediatria. A ala antiga do hospital também foi reformada na ocasião.

Ponte

Após um ano à frente da Santa Casa, Bordin entregou um pedido ao Ministro dos Transportes, Mário Andreazza, para a construção da ponte Brasil-Argentina. O pioneiro também trouxe o núncio apostólico de Brasília, que representa o papa, para a criação da Diocese de Foz do Iguaçu, em 25 de agosto de 1975.

Reivindicações já na recepção

Bordin era um verdadeiro guerreiro. Quando alguma autoridade estadual ou federal chegava em Foz do Iguaçu, já no aeroporto ele acrescentava às bagagens um calhamaço com reivindicações locais. Também levava os pedidos da região para outras cidades, como Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Onde houvesse uma batalha pela comunidade, lá estava ele, que também ajudou a criar a Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi) e os clubes Rotary e Lions na cidade.

Por sua luta, Antônio Bordin colecionou títulos e comendas das Forças Armadas, de entidades civis, clubes de serviço e escolas da comunidade, entre outros. Em 1984, recebeu o título de cidadão honorário do município de Foz do Iguaçu e do Estado do Paraná. Em 13 de novembro de 1998, foi homenageado pela Câmara Municipal da cidade e, dez dias depois, pela Acifi. Ainda naquele mês, foi celebrada uma missa em sua homenagem na Catedral São João Batista. Em dezembro do mesmo ano, recebeu o título de cidadão honorário do município de Céu Azul.

Por tudo o que fez pela população paranaense, o nome de Antonio Bordin deve ser lembrado como defensor do Oeste do Paraná, exemplo para as novas gerações lutarem sempre pelas melhorias da comunidade onde vivem. (JC)

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