Edifício Tijucas faz história há 46 anos

O Edifício Tijucas, um dos mais tradicionais de Curitiba, completa neste ano 46 anos de existência. Inaugurado em 1958, nas proximidades da Praça Osório, é um dos espaços mais movimentados da cidade. Pelo local, passam entre 4 mil e 5 mil pessoas diariamente.

“O Tijucas é quase que uma cidade dentro da própria cidade. É composto por dois blocos que abrigam 419 apartamentos, entre residências e estabelecimentos comerciais”, comenta o sindico Oscar Ferreira, que está iniciando sua segunda gestão. “Nele, pode se encontrar de tudo, desde loja de roupa, ótica, lanchonete, loteria, farmácia até salão de beleza.”

O primeiro bloco tem frente para a Rua XV de Novembro. É formado por doze andares de estabelecimentos comerciais e outros dezessete de apartamentos residenciais. Logo na entrada, dá abrigo ao popular Café da Boca, inaugurado há 43 anos. Já o segundo bloco tem 21 andares, todos de estabelecimentos comerciais. Ele tem frente para a Rua Cândido Lopes e também abriga um café: o Tijucas, inspirado em bares europeus, que funciona ali há dois anos.

Histórias

Além de abrigar pontos de referência na venda de produtos e serviços, o Tijucas guarda muitas histórias, ainda presentes na memória de seus ocupantes mais antigos. Na época da sua inauguração, era considerado um dos edifícios mais altos e modernos da capital paranaense. O sindico Oscar, que desde 1968 possui um escritório de contabilidade no vigésimo andar do bloco da Rua Cândido Lopes, conta que as pessoas costumavam ficar impressionadas com o lugar. “A altura do edifício deixava muitas pessoas espantadas”, lembra. “Muita gente, tanto moradores de Curitiba quanto turistas, vinham ao centro da cidade especialmente para conhecer o Tijucas. Como o lugar deu abrigo a uma das primeiras sedes do Canal 12, era bastante freqüentado por artistas, que contribuíram para fazer a fama do lugar.”

Na década de setenta, o edifício Tijucas ficou conhecido como “reduto dos alfaiates”, graças ao grande número de alfaiatarias instaladas no lugar. Dos estabelecimentos, poucos resistiram ao tempo e à modernidade, visto que a maioria das pessoas passou a comprar suas roupas já prontas em lojas de varejo. Um dos sobreviventes é o alfaiate Ferdinando Nardelli, que desde dezembro de 1958 está no Tijucas.

“Quando cheguei ao edifício, a grande maioria das lojas presentes na galeria ainda estava vaga e muitos apartamentos ainda desocupados”, conta. “O edifício tinha bastante renome e os estabelecimentos atraíam clientes importantes, entre eles pessoas da alta sociedade, artistas e políticos. Alguns deles se tornaram fiéis, freqüentando os estabelecimentos até hoje.”

De pai para filho

Alguns pontos comerciais no Tijucas passaram de pai para filho. É o caso do tabelionato Marques, atualmente comandado pela terceira geração de uma mesma família. “O tabelionato foi fundado por meu pai. Na década de sessenta foi tocado por mim e atualmente é comandado pela minha filha”, informa o tabelião José Paulo Marques. “Parte de minha família construiu a vida com base no trabalho desenvolvido no Tijucas.”

Uma das recordações curiosas guardadas por José é que, nos primeiros anos de funcionamento do edifício, as mulheres não tinham coragem de passar pela galeria no período da noite. “A galeria era escura e as senhoras tinham muito medo de atravessá-la desacompanhadas”, recorda. “Também durante a noite, alguns rapazes costumavam passar de carro pela galeria. Eles apostavam para ver quem conseguia passar sem raspar os espelhos retrovisores na laterais.”

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