| Maria José Ribeiro já fala em demissões. |
Alguns proprietários de bancas afirmam que o movimento caiu muito devido ao anúncio do fim do vale-transporte metálico, e até já pensam em demissões. Afirmam que grande parte das pessoas ia comprar o vale e aproveitava para levar outras mercadorias. Além disso, as fichas também eram usadas como dinheiro.
Neuza Lopes Poprela conta que em sua banca o movimento caiu nos últimos dias, mas ainda não calculou o prejuízo. Embora não sendo um posto autorizado, costumava aceitar as fichas. “Eram pessoas que não tinham dinheiro e usavam o vale para comprar alguma coisa”, diz. Maria José Ribeiro vive uma situação parecida. Proprietária de banca autorizada, comenta que a queda nas vendas vai obrigá-la a adotar uma nova escala de trabalho para os seis funcionários. A partir do dia primeiro, vão trabalhar seis horas por dia e ter uma redução nos salários. “Se eles aceitarem, tudo bem, senão vou ter que mandar embora”, comenta.
A falta de movimento se reflete na compra de mercadorias para estoque. Ela comenta que na última semana comprou cerca de R$ 500,00 em doces, mas costumava gastar R$ 2.000,00.
Maria gostaria que a Urbs se sensibilizasse com a situação dos proprietários e permitisse que os cartões fossem recarregados nas bancas. “Eles iam atrair clientes”, comenta. Para ela, não haveria problema de falsificação, já que a Urbs poderia determinar que os créditos não fossem aceitos como mercadoria e fiscalizasse o setor.
Mais dinheiro
Mas tem gente aprovando a mudança. Irineu Arrielo, funcionário de um banca no centro da cidade, comenta que o movimento não baixou. Para ele, agora a situação vai melhorar porque vai haver mais circulação de dinheiro. “Quando a gente compra a mercadoria da fábrica ou da distribuidora não pode pagar com vale, eles exigem dinheiro”, explica. Ele diz que a queda nas vendas é normal, porque é fim de mês e as pessoas estão sem dinheiro.
O presidente do Sindicato dos Jornaleiros, Gregório de Bem, concorda que haverá uma redução nos lucros, mas não tão considerável. Para ele, as bancas conseguem se manter sem esse tipo de comércio, já que têm a finalidade de vender jornais, revistas e outras mercadorias.
Dúvidas sobre o cartão-transporte
A Urbs informa que fornecerá o cartão para as empresas e são elas que vão repassar aos funcionários. No fim de cada mês, a empresa compra os créditos e o próprio funcionário recarrega o cartão em algum posto espalhado pela cidade. São trezentos e vão ser colocados em terminais de ônibus, estações – tubo e totens, nos pontos mais movimentados.
Se o usuário tinha cem créditos e gastou só 80, na hora de recarregar o cartão a carga anterior será somada à nova. Depois da compra dos créditos pela empresa, o funcionário pode abastecer o cartão no dia e horário que quiser, em qualquer posto de atendimento. Não vai haver limites para crédito.
O portador do novo sistema poderá usar também quantas passagens quiser por dia. Mas para maior segurança ele pode limitar o uso delas através do número 156. Assim, quando perder ou for roubado corre o risco de perder só o que estava autorizado. O sistema que bloqueia o cartão pode levar até 24 horas.
O bloqueio, a limitação de passagens ou compra de créditos pela internet só vai ser autorizado depois que o usuário fornecer o número do documento que foi usado na hora de fazer o cadastro.
Será possível emprestar o cartão para outra pessoa. Só estudantes, idosos e portadores de deficiência têm o uso exclusivo. Quem não recebe vale-transporte como funcionário de empresa poderá fazer o seu junto a Urbs.