Delegado do 5.º DP quer ser secretário de Segurança

“Se em 180 dias não baixar os índices de corrupção policial e criminalidade no Estado, que este documento sirva como pedido de exoneração.” Com essas palavras, em um documento enviado ao Palácio Iguaçu, o delegado Sebastião Gaspar se colocou à disposição do governador Roberto Requião como pretendente ao cargo de secretário de Segurança do Paraná. No último domingo, o delegado – que atualmente é responsável pelo 5.º Distrito Policial (Bacacheri), em Curitiba – protocolou um ofício endereçado ao governador.

Gaspar se diz preparado a assumir o cargo, pela experiência que tem como policial militar, advogado e policial civil. Mas ele faz questão de enfatizar que Requião não fez nenhum convite. “Estou me oferecendo porque sei que o governador pretende nomear para a pasta um técnico, uma pessoa que entenda do problema da segurança pública, e não um político”, frisa. “No meu ponto de vista, o governador vem colocando os nomes certos nos lugares certos e se mostra disposto a combater a criminalidade”, comenta.

Prisões

Na “condição de profundo conhecedor dos assuntos de segurança pública, das atividades de soldado a coronel, de investigador a delegado”, ele se apresenta como postulante qualificado ao trabalho. No documento, Sebastião Gaspar lista uma série de casos criminais resolvidos por ele, que incluem o desbaratamento de grandes quadrilhas no interior do Estado, a participação nos inquéritos originados pela CPI do Narcotráfico e principalmente por ser, de acordo com ele, o responsável, isoladamente, pelo maior número de prisões de policiais corruptos no Paraná. Para Sebastião Gaspar, o combate à criminalidade passa, necessariamente, por uma limpeza eficaz nos quadros policiais, eliminando a corrupção em todos os aspectos. Para isso, o delegado propõe uma série de mecanismos de controle da atividade policial.

Gaspar, nascido em Francisco Beltrão, tem 46 anos de idade, dos quais oito como policial militar, sete como policial civil, sete como advogado criminal e quatro como escrivão judicial. Ele foi responsável pela prisão de dez policiais militares e cinco civis. Também lembra que, quando passou pela delegacia de Homicídios, elucidou 100% dos casos que teve em mãos. Para enfatizar o destemor diante de intimidações, o delegado listou seis tentativas de homicídio contra ele.

Dossiê

Sebastião Gaspar enviou para a reportagem da Tribuna uma cópia do documento enviado ao governador e também de um dossiê com 13 páginas, com sugestões práticas para o novo governo, enviado à Corregedoria-Geral da Polícia Civil em 4 de dezembro do ano passado. Segundo o delegado, o extenso documento foi elaborado quando ele trabalhava na Corregedoria e foi entregue para o então corregedor-geral, Adauto Abreu de Oliveira, atual delegado-geral da Polícia Civil do Paraná. “Sei que estas sugestões foram entregues para o governo de transição, antes de Requião assumir. Mas de qualquer forma enviei mais uma cópia para o governador, junto com o documento onde me ofereço para a pasta da Segurança”, afirma Gaspar. “Quero deixar claro que se o governador não me oferecer o cargo, continuarei desempenhando minha função de delegado com o empenho de sempre”, finaliza o policial.

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