Delazari aponta série de deficiências em sua pasta

O secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, apresentou ontem o balanço de sua pasta, na reunião da Operação Mãos Limpas coordenada pelo governador em exercício Orlando Pessuti. O panorama mostrou, entre outras deficiências, a falta de veículos, de recursos humanos e até de simples equipamentos de informática.

Segundo avaliação do secretário, a situação chegou a esse ponto devido à grande contenção de investimentos na área de segurança nos últimos anos. No ano passado, foram gastos em publicidade cerca de R$ 100 milhões, enquanto que o orçamento programado para este ano para a sua Secretaria foi de R$ 50 milhões. “A segurança pública não foi priorizada e a população sofre com essas distorções. Se tivesse ocorrido o contrário no uso de recursos, a situação seria outra”, comentou o secretário.

Para reverter essas distorções, o secretário anunciou mudanças de ordem ideológica, financeira e administrativa nas polícias, que se refletiram na alteração do Estatuto da Polícia Civil e na implementação do Policiamento Comunitário, entre outras ações. “Devemos manter um ritmo mais operacional e isso se faz com policiais nas ruas de forma ostensiva, repressiva, que ajam de maneira rigorosa e séria”, destacou.

Delazari salientou as ações do governador Roberto Requião em reverter o sucateamento em que se encontram as estruturas da polícias Civil e Militar. Segundo o secretário, Requião liberou R$ 8 milhões para a compra de viaturas para a polícia e está solicitando junto ao Departamento de Trânsito (Detran) mais R$ 4 milhões com o Fundo de Reequipamento de Trânsito (Funrestran), também para a compra de viaturas. Além disso, o governador está negociando junto à Renault e Volkswagem veículos em troca da antecipação do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Reestruturação

De acordo com avaliação de Delazari, só a Polícia Civil tem uma defasagem de aproximadamente mil viaturas, que precisam ser repostas com urgência. O efetivo da Polícia Militar perdeu 4 mil homens nos últimos oito anos, baixando de 20 mil homens para 16 mil homens atualmente. “E essa redução do efetivo policial aconteceu exatamente num período que as cidades paranaenses cresceram”, analisou.

Também com o objetivo de corrigir as distorções, Delazari anunciou que a Polícia Militar está fazendo um levantamento do efetivo de todas as localidades do Estado para uma futura reestruturação da corporação. Segundo ele, o mapa de distribuição de policiais militares está totalmente equivocado. Para se ter uma idéia, na Região Metropolitana de Curitiba, uma das áreas em que a população mais reclama da falta de policiamento, está destacado um policial para cada 1.500 habitantes, enquanto que em municípios mais tranqüilos como Cornélio Procópio, existe um policial para cada 660 habitantes.

Sargentos assumem delegacias

Cento e dois sargentos da Polícia Militar começaram a assumir ontem as delegacias que não contam com funcionários de carreira da Polícia Civil. O primeiro deles foi o 3.º sargento José Dinarci de Paula, na cidade de Antônio Olinto, localizada a 120 quilômetros de Curitiba. Os sargentos passam a ser gestores da unidade policial civil e estarão subordinados aos delegados das subdivisões às quais os municípios pertencem. A posse deles põe em prática o decreto do governador Roberto Requião que extinguiu os chamados delegados “calças-curtas”.

“O sargento não será delegado. Ele irá administrar a delegacia e ajudar a Polícia Civil que, no momento, não conta com efetivo disponível para todas as delegacias”, explicou o comandante da 1.ª Companhia Independente de Polícia Militar, com sede na cidade da Lapa, capitão Valdir Tedeschi. “Na Lapa já existe essa relação amistosa de trabalho e aqui em Antônio Olinto não será diferente”.

Para o delegado da Lapa, município que é a sede da comarca que inclui Antônio Olinto, é preciso fazer com que cada vez mais a população se sinta à vontade para procurar qualquer uma das duas polícias. “Em toda a minha carreira, trabalhei em conjunto com a PM, mesmo quando não existia a previsão legal que veio agora com o decreto do governador”, afirmou Dirceu Schactae.

Há quase nove anos na PM e comandando o destacamento de Antônio Olinto há cinco anos, o policial militar assumiu a delegacia prometendo aumentar a parceria entre as instituições. De Paula irá acumular as duas funções e acredita que não será difícil conciliar o trabalho. Em Antônio Olinto, a delegacia da Polícia Civil fica a cerca de 300 metros do destacamento da PM. “Aqui já é até possível confundir Polícia Militar com Polícia Civil, porque desempenhamos atividades de forma sincronizada”, lembrou o capitão Tedeschi.

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