Deficiente fabrica violinos em casa

O ex-trabalhador da roça Renaldo Alves, de 36 anos, descobriu muito cedo sua vocação para o trabalho artístico. Tinha 8 anos de idade quando começou a se interessar por desenhos e entalhes em madeiras.

Hoje ele sobrevive da venda de violinos, violoncelos e violas, fabricados no pátio de sua casa, localizada no bairro do Atuba, zona norte de Curitiba.

De origem humilde e deficiente físico ? resultado da paralisia infantil ?, Renaldo acredita que sua habilidade em fazer instrumentos musicais seja um dom.

Ele conta que aprendeu a fazer violinos com o cunhado, que mora em Mandaguari, Norte do Paraná. “Meu cunhado sabia da minha vontade em fazer um trabalho artístico, então me chamou para trabalharmos juntos”, lembra. Como a venda de violinos caiu, o cunhado teve que demiti-lo. Renaldo, então, se mudou para Campo Mourão, onde começou a trabalhar por conta, ainda na área de violinos. Há cerca de sete anos, veio para Curitiba com a família.

Ao longo desse tempo, Renaldo acredita já ter feito cerca de 1.500 instrumentos. “Cada vez a gente aperfeiçoa mais”, explica. Como a maior parte do trabalho é artesanal, a produção é pequena – entre quatro a cinco peças por mês, no caso de violinos para estudantes. Já os profissionais demoram cerca de 30 dias para ficarem prontos.

Preços

Os preços dos violinos variam entre R$ 350,00 (as mais comuns) e R$ 1.500,00 (profissionais). Já os violoncelos, custam entre R$ 1.300,00 (de estudantes) e R$ 2.500,00 (de profissionais). Apesar do preço, o faturamento mensal não permite que Renaldo viva em uma casa maior, com melhores condições. “Faço nem tanto pelo dinheiro, mas pelo amor à profissão”, confessa. Renaldo conta que vende diretamente ao cliente, principalmente por intermédio dos professores de instrumentos musicais.

Apesar de já ter vocação e habilidade para confeccionar os instrumentos, o ex-trabalhador da roça revela que gostaria de fazer um curso de luthier ? denominação de quem faz violinos ? para se aperfeiçoar. “O problema é que geralmente é muito caro. Em Tatui (SP) tem um curso gratuito, mas acontece duas vezes por semana, e o dinheiro está curto”, lamenta.

Mesmo com o contratempos, Renaldo quer passar o amor pelos instrumentos musicais a seus filhos. “Eles também se interessam e apesar da pouca idade ? o mais velho tem 10 anos, outro 9 e o terceiro 7 ? já me ajudam no trabalho”, conta. “Acho que vão herdar a minha profissão, mas quero também dar estudo a eles.”

Serviço

– Quem se interessar pelos violinos feitos por Renaldo Alves pode entrar em contato pelo telefone (41) 675-6926.

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