Dar milho aos pombos é prejudicial à saúde

A presença de pombos nas cidades é um problema mundial que traz diversos transtornos à população. Além da sujeira, são inúmeras as doenças provocadas pelo simples contato com o animal ou suas fezes. Uma das razões para a proliferação das aves nos grandes centros é a facilidade de alimentação. Vários quilos de milho são jogados nas ruas de Curitiba todos os dias por cidadãos que subestimam o tamanho do problema.

De acordo com Cláudia Staudcher, bióloga da coordenação de controle de zoonoses e vetores da Secretaria Municipal de Saúde, o inocente hábito de jogar milho aos pombos pode levar a uma série de problemas: “As pessoas que alimentam os pombos são os grandes contribuintes por eles estarem se concentrando em determinadas áreas”, explica. “O problema se estende ao redor do foco. Uma pessoa que alimenta os animais em um ponto vai levar transtornos para outras trinta pessoas”. Cláudia conta que a colônia de pombos migra para outro local ao não encontrar comida: “As pessoas precisam acreditar que os pombos não vão morrer de fome se pararem de dar comida”.

Para a bióloga da divisão de gestão ambiental da Prefeitura da cidade universitária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Regina Zanelato, um trabalho de educação ambiental deveria ser realizado com a população para acabar com a oferta de milho nas calçadas. Ela comenta que, em agosto de 2002, algumas salas do prédio da UFPR na Praça Santos Andrade precisaram ser interditadas por causa dos piolhos dos pombos, que foram transmitidos aos alunos. Os sintomas foram coceira e irritabilidade na pele. “Fizemos detetização e passamos uma tinta tóxica para os animais, mas atóxica para os humanos. Na época, também testamos um produto pegajoso que gruda nas patas dos pombos, causando desconforto para eles. Hoje essas salas estão liberadas, mas os pombos não deixaram de pousar nos parapeitos das janelas”, conta Regina.

A capital paranaense não possui uma lei para impedir as pessoas de dar comida aos pombos. Em São José do Rio Preto (SP), porém, quem fizer isso pode receber multas que variam entre R$ 124,90 e R$ 124 mil. O município está com uma superpopulação de animais (cerca de 300 mil), que se alimentam somente da comida dada pela população e de grãos que caem dos trens que cortam a cidade. “Às vezes é preciso mexer no bolso para conscientizar sobre o problema. Determinadas ações como essa são necessárias, porque a população paga um preço alto por causa das atitudes de algumas pessoas. Infelizmente, chega um momento em que não tem mais como controlar”, avalia Regina. Segundo Cláudia, da Secretaria Municipal de Saúde, Curitiba ainda não possui uma concentração tão grande das aves: “O problema existe, mas não está fora de controle”, observa. A maioria das reclamações vêm da área central da cidade.

Doenças

Além do piolho, os pombos podem transmitir doenças respiratórias por meio do acúmulo de suas fezes em forros, lajes e telhados de casas. “As fezes acumuladas são um ambiente propício para o surgimento de fungos. A pessoa tenta limpar a sujeira e, aspirando o pó contendo esses fungos, pode contrair a doença”, explica Cláudia. A mais recorrente é a criptococose, que atinge principalmente pessoas imunodeprimidas, ou seja, com a defesa do organismo em baixa. A doença causa infecção do aparelho respiratório e também pode provocar meningite. Outras enfermidades relacionadas com o contato com os pombos são histoplasmose, salmonelose, ornitose e dermatite.

Serviço – Quem possui ninho de pombos em casa pode ligar para o telefone 156, da Prefeitura municipal, para pedir orientações de como deve proceder na limpeza e impedir a instalação dos animais. Reclamações podem ser feitas no mesmo número.

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