Curitibanos pobres têm mais medo da violência

Dinheiro não traz felicidade, mas dá sensação de maior segurança. Pelo menos isso é o que acontece em Curitiba. Ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou os resultados de uma pesquisa nacional que registrou o índice do medo no Brasil. Numa escala de zero a cem pontos o Brasil ficou com uma média de 48 pontos. Curitiba ficou com 61 pontos, empatada tecnicamente em primeiro lugar com Recife (60), Belo Horizonte (61), Fortaleza (61), São Paulo (62), Porto Alegre (62) e Salvador (62). O índice curitibano também é maior que a média no sul do País, onde foram registrados 47 pontos.

A pesquisa ouviu 4.438 pessoas em 92 municípios de todos os Estados. Em nove capitais foi feito um trabalho diferenciado com trezentas entrevistas em cada. A conclusão da pesquisa é que o brasileiro médio não tem muito medo. Porém, há muitos brasileiros temerosos. De uma maneira geral, mulheres têm mais medo que homens. Nas capitais os pobres têm um pouco mais de medo, enquanto no interior os mais ricos é que temem mais. O contato da pessoa entrevistada ou de pessoas próximas com a violência faz com que o índice do medo aumente graduativamente. A pesquisa chegou à conclusão que em todo Brasil o medo não depende da idade, escolaridade e cor.

Curitiba

A pesquisa concluiu que o medo em Curitiba é grande. Porém, diferentemente da média das cidades brasileitas, onde a acentuação entre o grau de medo das pessoas com maior e menor poder aquisitivo é pouco significativa, na capital paranaense ela praticamente divide a cidade em duas. Conforme o técnico Alberto Carlos de Almeida, da FGV, situação semelhante só aconteceu em Fortaleza. “Em Porto Alegre, por exemplo, o medo ficou democraticamente distribuído. Aqui não, o poder aquisitivo influenciou muito”, afirmou. Os curitibanos com nível superior tiveram um índice de 55 pontos, enquanto aqueles que só têm o primário registraram 64 pontos. Pessoas com renda familiar acima de R$ 1.500 por mês tiveram índice 56, já aqueles que recebem R$ 470,00 ou menos mensais tiveram índice 64.

Quanto ao tipo de bairro a situação também foi comprovada. Pessoas que moram em bairros considerados ricos tiveram índice 49, já os curitibanos moradores dos bairros mais pobres apontaram 64 pontos. Quem não dirige também tem mais medo do que quem dirige. Aqueles que nunca dirigem, ou seja, não têm carro e utilizam o transporte coletivo, chegaram ao patamar de 62 pontos. Já aqueles que dirigem todos os dias registraram 58 pontos.

O maior medo do curitibano é o assalto a mão armada: 82% da população acha esse risco grande ou muito grande. Pela comparação da pesquisa em Curitiba com a média nacional tem-se um gráfico que aponta 80% da população da cidade com mais medo que a média do País.

Um fato curioso: o Rio, apontado como uma das cidades mais violentas do Brasil apareceu apenas em 8.º lugar, com 56 pontos. Almeida explicou que isso se deve ao fato de os cariocas estarem mais acostumados com o crime. “Eles vêm as situações de um ponto de vista mais crítico do que moradores de uma cidade onde a violência começou a aparecer há pouco tempo, principalmente pela grande exposição dos fatos na mídia que lá já acontece há muito tempo”, comentou.

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