Curitibano investiga mistérios do antigo Egito

Pirâmides, múmias, tesouros escondidos e inscrições milenares. Apenas um restrito grupo de pesquisadores em todo mundo tem a oportunidade de desvendar esses segredos do Egito antigo, que podem fazer a humanidade entender melhor seu passado. Enfurnados nos grandes templos egípcios, os arqueólogos vivem uma rotina de pesquisa, trabalho e emoções glamourizadas nas telas do cinema pela figura de Indiana Jones. Vendo o professor de História Maurício Schneider lecionar para uma turma de segundo grau em um colégio particular de Curitiba, fica difícil imaginar que aquele pacato mestre é o único brasileiro a viver as pesquisas nas areias egípcias. O professor, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), é um dos mais respeitados arqueólogos do mundo, especialista na 26.ª dinastia egípcia.

O interesse pelo assunto, explica o professor, veio da infância, quando as histórias de múmias fizeram Schneider ler tudo que caía em suas mãos sobre os faraós. A opção pelo curso de História foi natural e, já na faculdade, Schneider passou a tirar dinheiro do próprio bolso para participar de congressos específicos de Arqueologia. No Brasil e fora dele, o professor foi se especializando até que chamou a atenção de uma das sumidades da arqueologia mundial, o francês Alain Zivie. Schneider foi convidado a participar da equipe do renomado pesquisador, a Missão Arqueológica Francesa do Bubasteion. “Eu basicamente tentava identificar fragmentos de sarcófagos e juntá-los para remontar a peça original”, explica o professor.

Em um dos trabalhos de escavação da equipe, o professor foi convidado a rastejar em um pequeno túnel para chegar em uma tumba até então inexplorada. “Fiquei um pouco receoso, mas aí acabei indo”, lembra. “O local era a câmara mortuária de um funcionário do governo egípcio que, pelas inscrições, era supervisor dos celeiros reais. Fui o primeiro ser humano a entrar ali em milhares de anos.”

A experiência com os franceses deixou Scnheider em condições suficientes para trabalhar sozinho. Hoje ele atua apenas com traduções de hieróglifos na região de Saqqara, onde estão algumas das principais tumbas da era faraônica. A maioria dos textos tem caráter religioso espiritual e traz recomendações ao espírito para que peça a proteção dos deuses em outras vidas. “Os egípcios acreditavam que o espírito tinha que se alimentar e precisava também de bens materiais”, conta o professor. “Isso era providenciado pelos deuses.”

Estudo

Apesar de toda mística em torno da profissão, o pesquisador rejeita a comparação com Indiana Jones. “Muito do que se diz é mito: não existem armadilhas e nem lâminas que surgem do nada para cortar cabeças de intrometidos”, garante. “Existe sim muito trabalho e estudo com alguma dose de emoção.” Diferentemente do personagem interpretado por Harrison Ford no cinema, o curitibano também não recebe grandes financiamentos e nem volta de suas viagens com prêmios milionários. “Vou para lá por minha própria conta”, revela.

Paralelamente às expedições, Schneider está concluindo um doutorado na Universidade de São Paulo (USP) em arqueologia egípcia. O orientador é um professor americano, já que não existem profissionais preparados no Brasil. “Penso em entrar na vida acadêmica e quem sabe utilizar o que aprendi para ministrar aulas específicas sobre o Antigo Egito”.

Atualmente, o professor ministra cursos sobre História do Egito Antigo e tem um site dedicado ao tema (www.egitovirtual.com).

Serviço:

O Curso sobre História Antiga teve início ontem no Solar do Rosário, na capital. Informações pelo telefone (41) 225-6232.

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