Curitiba está sem lugar para pneus condenados

Os mais de oito mil pneus dispensados mensalmente em Curitiba e Região Metropolitana estão sem destino, devido a uma notificação do Ibama feita há cerca de dois meses. No documento, o Instituto pede o cumprimento da resolução 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 1999, que impede o envio de pneus para aterros sanitários.

Na semana retrasada, a prefeitura parou de receber os pneus. O Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado do Paraná (Sindibor-PR), que representa as recapadoras de pneus, estuda agora uma alternativa de estocagem. Segundo o diretor do sindicato, João Artur Mohr, uma reunião com a Associação Nacional da Indústria Pneumática (ANIP) – que representa os fabricantes e importadores de pneus-, está marcada para quarta-feira. A resolução do Conama também determina que as fábricas são responsáveis pelo destino final dos pneus inválidos. O cronograma do Conselho, no entanto, obriga as empresas, neste ano, a cuidarem da destinação final de 50% dos pneus produzidos. “É uma iniciativa ambientalmente ótima. Só que as indústrias só passarão a serem responsáveis por 100% da produção em 2004”.

De acordo com o sindicalista, as quatro fabricantes de pneus para caminhões – Firestone, Goodyear, Pirelli e Michellin – instalaram depósitos apenas na região sudoeste, em locais não muito distantes de suas fábricas. “Com isso eles atendem à determinação, mas os pneus da região sul ficam abandonados”.

O sindicato já apresentou uma proposta para o secretário municipal do Meio Ambiente, José Luís Andreguetto. “O Sindibor ficaria responsável pela coleta desses pneus. A prefeitura disponibilizaria um terreno para armazenagem temporária e os fabricantes fariam o transporte até uma das unidades de picagem de pneus na região sudeste”, explicou.

“Estamos dispostos a conversar e achar uma solução. Mas tem de ser uma solução definitiva”, disse a superintendente ambiental da Secretaria Municipal do meio ambiente, Marilza Dias.

Sem saída

Enquanto o acordo não é definido, as recapadoras vão se virando com a estocagem. O proprietário da recapadora Cri Cri, de São José dos Pinhais, Osvaldo Teles, não sabe o que fazer com os pneus. Na segunda semana de janeiro, como fazia mensalmente, ele levou um carregamento até o Cachimba, mas teve de voltar com o material. “Levava uma média de 50 a 60 pneus por mês. Agora vou estocando aqui. Mas não tenho espaço. Não sei o que fazer”, queixa-se. Cerca de 24 mil pneus chegam às recapadoras de Curitiba e região todos os meses. Desses, 16 mil voltam para o mercado, com a colocação de novas faixas de recape. Os outros, já sem condições de voltar a rodar, são picados e utilizados posteriormente na indústria de cimento, na indústria têxtil e em outros segmentos.

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