Números do Unicef e do Fórum Nacional Lixo e Cidadania mostram que em 190 municípios do Paraná há crianças trabalhando em lixões. Para buscar soluções que acabem com este tipo de exploração infantil, foi realizado ontem em Curitiba o 1.º Encontro de Fóruns Municipais do Lixo e Cidadania. O evento discutiu a criação dos fóruns municipais e o trabalho que deve ser realizado por eles.
A integrante da Comissão Executiva do Fórum Estadual Lixo e Cidadania, Mariane Josviak, explica que conforme a convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho esta é a pior forma de trabalho infantil que existe no mundo. Mariane ressalta que nesta atividade os pequenos estão sujeitos a pegar uma série de doenças. Ela conta um caso que aconteceu em Olinda (PE) onde crianças acharam carne no lixão e a comeram. Depois, começaram a passar mal. As investigações descobriram que se tratava de carne humana.
Este episódio acabou sendo um dos pontos que motivou o Unicef a criar em 2000 o Fórum Nacional de Lixo e Cidadania. Em 2001 surgiram os órgãos estaduais e agora está se fomentando os municipais. Para os municípios, a criação do fórum é importante porque eles começam a receber verbas do Ministério do Meio Ambiente para a realização dos projetos. No Paraná, apenas quatro cidades já possuem o órgão instaurado: Curitiba, Arapongas, Cascavel e Araucária. Agora quarenta cidades mostraram interesse na sua criação.
A Procuradoria do Ministério do Trabalho também está atuando no combate ao trabalho infantil. Uma das ações foi a firmação de um termo de compromisso com 150 cidades e outras estão em andamento. Para os Conselhos Tutelares de cada cidade ficou a responsabilidade de atuar na verificação do cumprimento do acordo. Coletores de lixo
Os coletores de lixo reciclável também participaram do encontro. A idéia é adquirir experiência para montar associações. Na última terça-feira eles fizeram uma manifestação nacional para chamar a atenção da sociedade e serem reconhecidos como trabalhadores. Segundo o presidente da Associação dos Coletores de Materiais Recicláveis da Vila Leão, os catadores de Curitiba são responsáveis pelo recolhimento de 70% do lixo da Capital. Por isto querem a criação de fundo para ajudá-los a montar a associações. Mariane conta ainda que existe no congresso um projeto de lei que reconhece os catadores como agentes ambientais e que inclui a proposta de criação do fundo.
“Reciclar é Preciso” premia escolas
Cintia Végas
Escolas paranaenses foram premiadas ontem, na Estância Hidromineral Ouro Fino, na localidade de Bateais, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, durante a cerimônia de encerramento da terceira etapa do projeto “Reciclar é Preciso”. A iniciativa é do Instituto Dedé Mocellin, da empresa de água mineral Ouro Fino e de outras cerca de cinqüenta instituições.
De agosto até outubro, 435 escolas de 23 municípios do Estado arrecadaram garrafas Pet, entregues aos responsáveis pelo projeto e levadas à reciclagem. Os estudantes também participaram de aulas de educação artística, confeccionando objetos com as garrafas, como árvores de Natal, roupas, instrumentos musicais, barcos, entre outros.
Foram premiadas as escolas que coletaram a maior quantidade de garrafas Pet proporcional ao número de alunos de ensino fundamental e as que realizaram os melhores trabalhos na área de reciclagem. Os três primeiros colocados de cada categoria receberam computadores, TV e vídeo, geladeira, aparelho de som e aparelho de ar-condicionado, além de ingressos para a Estância Hidromineral.
Conscientização
Segundo a presidente do Instituto Dedé Mocellin, Carla Mocellin, o projeto visa a disponibilizar informações com o objetivo de sensibilizar as pessoas sobre a reciclagem. “Nossa intenção é sensibilizar as crianças sobre o correto destino das garrafas Pet”, declara. “Para nossa satisfação, todos os participantes se envolveram bastante com o projeto e foram muito criativos.”
No total, foram arrecadadas quatrocentas toneladas de garrafas Pet, o que corresponde a 10 milhões de unidades.