A procura para revalidar diplomas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) cresceu de modo significativo no ano passado. Em 2001 houve 44 pedidos e em 2002 o número chegou a 113. São brasileiros que estudaram fora do país ou estrangeiros que querem entrar no mercado de trabalho brasileiro.

O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Carlos Roberto Antunes dos Santos, diz que este número pode estar relacionado a explosão de matrículas neste nível de ensino, que ocorre não só no Brasil mas em todo o mundo.

Em 2002, 58 brasileiros e 24 estrangeiros entraram com o pedido para revalidar diplomas de graduação. De mestrado foram 12 e de doutorado 19. Já no ano anterior, 22 brasileiros e 10 estrangeiros fizeram o pedido para cursos de graduação. Mais seis para o de mestrado e outros seis de doutorado. A maioria estudou medicina.

Dificuldades

Mas reconhecer o diploma no Brasil não é tarefa fácil. Os estudantes reclamam que o processo é burocrático e lento demais. Hildebrando Stadler de Paula está tentando revalidar o diploma de economia, curso que fez no Canadá. Diz que não sabia como o processo era feito e veio ao Brasil sem a documentação exigida. Teve que enviar o histórico escolar e o diploma para o consulado do Brasil naquele país, para ser conferido e vistado. Na primeira vez o órgão só vistou um dos documentos, ele precisou mandar o outro novamente. Neste procedimento perdeu 80 dias. Depois disto, precisou fazer uma tradução juramentada dos documentos e teve que pagar R$ 300,00. Só ai conseguiu entrar com o processo na UFPR. Desde dezembro ele aguarda o resultado. “Me disseram que ia levar entre seis meses e um ano”, comenta.

Hildebrando, ao contrário de muitos brasileiros, não está perdendo oportunidade de emprego. Mas ele está cursando Direito e queria eliminar algumas matérias. Por enquanto, isso vai ser impossível. Para ele as faculdades e universidades privadas deveriam ser autorizadas a realizar o processo, para que ele fosse mais rápido.

O processo

O diretor da Divisão de Registro Geral do Departamento de Assuntos Acadêmicos da UFPR, Herivaldo Ferreira Taveira, diz que o procedimento é igual ao que é exigido para alunos brasileiros que querem revalidar o diploma no exterior. Explica que as embaixadas brasileiras precisam vistar os documentos porque são elas que verificam junto às universidades estrangeiras se são verdadeiros.

Para cada processo analisado na universidade é formada uma comissão com três professores. Eles comparam a grade curricular do aluno e verificam se os conteúdos são equivalentes aos cursos da UFPR. Geralmente os estudantes acabam tendo que cursar alguma disciplina para complementar o curso.

Nem todos os diplomas são reconhecidos. Quando isso ocorre, o aluno pode tentar em outra entidade pública de ensino, que tenha um curso com matérias mais parecidas com as que estudou. Só medicina exige uma prova prática. Ela acontece em dezembro, por isso, quem quiser participar deve entrar com os documentos no mínimo seis meses antes.

Para o secretário de Educação Superior, o processo não é burocrático, mas sim rigoroso. Explica que isso é necessário para garantir a qualificação dos profissionais. Mas, os cerca de 500 estudantes de Medicina no Chile em breve vão ter mais facilidade para concluir o processo. O Brasil está trabalhando em um acordo internacional que vai beneficiar alunos dos dois países.

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