Cresce a ação de bandidos no transporte coletivo

“Vi a morte na minha frente, quando ele puxou o gatilho. Por sorte, consegui falar que o outro cobrador era quem estava com o dinheiro.” Essa foi uma das 14 abordagens violentas que a cobradora Emília Lesnovski, de 65 anos, sofreu ao ser assaltada durante o expediente na linha Interbairros 4. Ela se juntou a funcionários e passageiros do transporte coletivo que estiveram ontem, na Praça Rui Barbosa, para protestar contra a insegurança nos ônibus e tubos. De janeiro até o mês passado foram 1.111 assaltos registrados em ônibus ou tubos, aumento de 35% em relação a 2011 que totalizou 3 mil assaltos. Também cresceu a violência nas ações deste tipo.

O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) aproveitou o ato para coletar o abaixo-assinado. Durante duas horas foram recolhidas cinco mil assinaturas de apoio à lista com cinco reivindicações que será entregue hoje ao governo para melhorar a segurança no sistema de transporte. Das medidas exigidas, parte delas já está em andamento. De acordo com a Urbs, o Centro de Controle Operacional (CCO) já faz o monitoramento on line de todos os ônibus. Os veículos têm computador de bordo, GPS e dispositivos acoplados que permitem o acompanhamento da Urbs e empresas. Segundo a Urbs, até julho do ano que vem serão instaladas câmeras de vigilância nos terminais e tubos em toda a Rede Integrada de Transportes. Ao todo serão 622 equipamentos. Em agosto, os terminais do Campina do Siqueira e Boqueirão receberão as câmeras.

Medidas

O retorno do policiamento velado também já está quase acertado. O coronel Ademar Cunha Sobrinho do 1.º Comando Regional da Polícia Militar disse que até o fim de semana haverá reunião entre PM, Polícia Civil, Guarda Municipal, Sindimoc e Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) para definir a adoção da medida. “A orientação do governador Beto Richa é adotarmos o policiamento velado e outras medidas para reduzir esses índices”, afirmou.

Reivindicações dividem opiniões

As outras duas reivindicações -lacrar os cofres para que o cobrador não precise mais abrir e a mudança no sistema de coleta – dividem opinião. Segundo a Setransp, é inviável lacrar os cofres nos tubos. Já o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, considera que a medida inibiria as ações. “Sabendo que o cobrador não consegue mais abrir o cofre, muitos assaltantes devem desistir”, deduz.

Para a cobradora Emília Lesnovski, que além dos 14 assaltos durante o trabalho, já foi assaltada como passageira, a medida mais efetiva é a presença de policias nos ônibus e circulando pelas canaletas. “É a presença da polícia que inibe”, resumiu.

Veja na galeria de fotos o protesto.