Crea aponta erro de engenharia na Vossoroca

O relatório apresentado ontem pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea), sobre a vistoria da curva da ponte sobre o Rio São João, na represa Vossoroca, no quilômetro 653 da BR-376, trecho Curitiba?Garuva, aponta erro de engenharia na construção da curva.

O laudo técnico e o levantamento topográfico sobre a ponte da represa Vossoroca mostram que há uma superelevação de 4,77% da pista. Segundo Cladimor Lino Faé, engenheiro civil que efetuou as inspeções, a elevação das pistas tem que estar de acordo com o ângulo da curva. “A inclinação da curva é pequena para a superelevação constatada”, revela Faé. Para o engenheiro, não há concordância uniforme entre as curvas e as retas do trecho. O resultado das fórmulas calculadas no papel não condiz com o que foi apurado no local, provando que a obra está incompatível com as normas.

O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) ainda não tomou conhecimento sobre as inspeções do Crea. Mas a princípio, pelos dados que dispõe, o DNIT afirma que a geometria da rodovia no local, em seção transversal (superelevação e superlargura), atende a normas vigentes para a velocidade regulamentada ao local.

Além da superelevação, o o relatório do Crea aponta problemas relacionados ao sistema de drenagem da estrada. A falta de limpeza e de canaletas suficientes para o escoamento da água geram poças nas pistas e conseqüentemente aquaplanagem nos veículos. Esses fatores agravam os erros de construção da obra e favorecem a derrapagem e o descontrole do veículo. “Todos esses problemas condicionam ao motorista a perda da direção”, conclui Faé.

Já os levantamentos feitos pela Polícia Rodoviária Federal apontaram que a principal causa de acidentes é excesso de velocidade. Na pesquisa realizada, verificou-se que 100% dos veículos (automóveis, ônibus e caminhões) trafegaram com velocidade acima do limite estabelecido de 60 km/h.

Como, até então, nenhum erros de engenharia foi constatado na obra e o sistema de sinalização já é existente, o policiamento rodoviário solicitou ao DNIT que seja implantado um redutor de velocidade no local.

A vistoria da curva da Vossoroca foi realizada no dia 4 de fevereiro deste ano, após a divulgação do índice de acidentes registrados no local pela Polícia Rodoviária Federal, que ainda caracterizou o trecho como um dos 12 pontos mais perigosos das estradas no Estado.

Outras vistorias foram feitas pela Associação dos Engenheiros do Vale do Piquiriguaçu (Aenvapi) a pedido do Crea-PR. Uma delas, também na BR-376, quilômetro 672, no trecho conhecido como Curva da Santa, foram constatados problemas equivalentes ao Vossoroca. A superelevação, que é de 1,89%, invalida as placas de sinalização do local. Segundo informações do Crea, a indicação da velocidade máxima permitida estaria errada. De acordo com a avaliação dos técnicos e engenheiros, o motorista deveria fazer a curva a uma velocidade limite de 52,6 km/h, abaixo dos 60 km/h indicados na rodovia.

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