Correios tentam proteger carteiros dos cães bravos

Cerca de 6 milhões de panfletos explicativos serão distribuídos em todo o Brasil pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, com dicas para uma convivência pacífica entre o cão e o carteiro. A empresa está preocupada com a grande incidência de acidentes envolvendo os funcionários e o “melhor amigo do homem”. Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 106 acidentes por mordedura canina no Paraná. Isso resultou em 323 dias de afastamento do trabalho.

De acordo com o coordenador de atividades externas dos Correios, Valdir Santos Rocha, as mordidas de cães são a maior causa de acidente de trabalho de funcionários da empresa: “Se formos avaliar os dias parados, dá quase um ano de afastamento”, comparou. A campanha, diz Rocha, visa a conscientizar os donos de cães para evitar ataques no momento da entrega das correspondências. Além das orientações para os donos dos animais, os Correios mantêm cursos periódicos para novos carteiros evitarem acidentes, ensinando a observar o comportamento do cão e a não correr se ele esboçar ataque.

O carteiro Laércio Cordeiro lembra do acidente que teve há dez anos: “Eu sabia que o cachorro ficava normalmente embaixo da caixa de correspondência. Mas naquele dia, por uma distração, esqueci, e de repente senti aquela ardência no braço. Eram os dentes do cachorro grudados em mim”, conta. O carteiro recebeu apoio do proprietário da residência e, a partir daquele dia, disse que ficou muito mais alerta.

Mais sorte teve a carteira Delair Mazepa. Ela conta que o ataque do “animalzinho” foi rápido, mas ela conseguiu ser ainda mais veloz, e o boxer ficou apenas com um pedaço da camisa dela na boca. Há uma semana, o carteiro Marcelo Magalhães Silva foi atacado por um cachorro, no bairro São Francisco. “Era um cachorro que acompanha um guardador de carros. E o perigo é que esse cachorro fica solto”, diz.

Agradecidos

O material informativo que vem sendo entregue pelos carteiros traz na capa a foto de um cachorro bulldog, com um pedaço de tecido azul na boca, do mesmo tom que o uniforme usado pelos profissionais. Entre as dicas contidas no informativo estão a necessidade de verificar se o portão da casa está fechado quando o cão fica solto no quintal e prender o animal quando for atender o carteiro para assinar algum documento.

A caixa receptora de correspondência deve ser instalada junto ao portão, grade ou muro da residência, de forma que evite a necessidade de o carteiro entrar no jardim ou colocar o braço e mão para dentro da área da residência. Identifique a casa com um aviso da presença do cão. As vantagens de seguir essas dicas estão na regularidade da entrega da correspondência, proteção contra chuvas e outros danos ao material distribuído, já que é comum os cães rasgarem cartas, jornais e revistas que são atirados no chão ou em local inadequado para a sua colocação.

Cuidados a tomar em casa

Mas nem só os carteiros podem ser vítimas dos cães. Algumas vezes o animal ataca pessoas conhecidas ou moradores da residência. Na semana passada uma menina morreu, em Foz do Iguaçu, depois de ser atacada por um rottweiler que estava no quintal da casa. Ela recebeu mordidas na cabeça, pescoço e rosto e faleceu a caminho do hospital.

Para o médico veterinário da Clínica Curitiba, Ferdinando Niederheitmann, independente da raça do animal, ele precisa ser dominado pelo seu dono: “O animal precisa do controle externo, principalmente através do comando de voz de todos que moram na casa e convivem com o animal”, observa. O veterinário afirma que se o cão não tiver contato diário com a pessoa, ele não reconhece esse indivíduo como do mesmo ambiente, e pode se tornar agressivo.

Em outros casos, há um desvio de comportamento do cachorro, que pode ser identificado através de situações como rosnar sem necessidade ou avançar contra seus donos. Para se ter controle do animal, diz Ferdinando, é necessário fazer o adestramento. Isso é conseguido em até trinta dias, mas precisa da participação de todas as pessoas que vão conviver com o cão: “Todos precisam saber quais são os comandos e tom de voz, assim como até onde ir com o animal”, explicou.

Vacinas

Outro cuidado necessário é manter em dia o calendário de vacinas, para evitar doenças para ele e seus donos. A médica veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, Giovana Tuleski, diz que com 45 dias de vida o cachorro precisa receber uma vacina que previne contra oito doenças. Entre elas estão a leptospirose e a raiva, que podem atingir o homem. A partir de um ano de idade, o cão precisa receber – em intervalos de seis meses – um vermífugo, que tem a função de prevenir a ancylóstoma, verme que pode provocar a doença de pele conhecida como “bicho geográfico”. (RO)

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