Mordida

Correios querem evitar ataques de cães a carteiros

Nos últimos cinco anos, cerca de 5 mil carteiros sofreram ataques de cães no Brasil. As mordidas são o terceiro motivo de acidente de trabalho entre carteiros. No ano passado, foram 1 098 ataques. O estado com maior número de casos é São Paulo, com 1.612 ataques registrados desde 2003. Em seguida vêm Paraná (1 047), Rio Grande do Sul (680) e Rio de Janeiro (474). Para reduzir o número e garantir a segurança e a integridade física dos profissionais, os Correios iniciaram neste mês uma campanha para pedir população que tome algumas medidas para evitar ataques de cães.

A campanha já está sendo realizada no Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, São Paulo e Distrito Federal e se estende até janeiro de 2009.

Osecretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), Nilson Rodrigues dos Santos, acredita que o número real de mordidas de cachorro é bem maior, uma vez que os ferimentos mais leves não chegam a ser registrados. “Com a deficiência na área de segurança pública, as pessoas tendem a criar cachorros para sua própria defesa, o que aumenta os riscos para os carteiros”, argumenta.

Os Correios apontam como uma das principais causas do ataque canino, a falta ou a instalação inadequada de caixas receptoras de correspondências, o que obriga os carteiros a entrar no pátio de residências e lojas, aumentando os riscos de ataques. Durante a campanha, as localidades de risco vão mapeadas por esses profissionais.

Os domicílios sem caixa receptora de correspondências ou com caixa mal posicionada serão orientados a corrigir o problema de forma a evitar a exposição do carteiro ao risco de um ataque pelo cão.

Para o carteiro curitibano Pedro Meira, 32 anos, os cães de alguma forma reconhecem o profissional pela cor da roupa, o uniforme, e os trata como invasores de domicílio. Ela conta que estava voltando para casa uniformizado quando um cão veio em sua direção furioso e o mordeu no braço. Ele levou dez pontos e ficou dez dias afastado do trabalho. Depois disso fiquei atento e percebi que outras pessoas passam num mesmo local e os cães nem latem. Basta um carteiro passar para eles ficarem mais agressivos.

Israel Simione, 46 anos, trabalhando há 11 anos como carteiro em Curitiba, diz que nesse período já foi atacado por cães duas vezes. A situação mais grave foi uma mordida na perna. A calça ficou tão estraçalhada na luta com o cachorro que tive que jogar fora. Foram dez dias sem poder trabalhar. Como na casa não tinha caixa para correspondência, bati palmas. Um cachorro veio correndo da casa ao lado, pulou a cerca e me atacou, contou.

Muito pessoas são assinantes de jornais e revistas. Por isso os Correios recomendam que a caixa tenha dimensões para que sejam depositados nela. As seguintes medidas são recomendadas: 36 cm de profundidade, 27 cm de largura, 16 cm de altura e abertura de 25 cm de largura por 2 cm de altura. A caixa deve ser instalada entre 1,20 m e 1,60 m do piso, com a abertura voltada para a rua. Os Correios vão ainda divulgar o prazo para que os moradores possam se adequar.