Correção das redações da PUC deve terminar hoje

Enquanto os candidatos a uma vaga no vestibular da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná se esforçavam, ontem de manhã, para resolver 45 questões distribuídas entre as provas de Geografia, Física e Química, as redações, feitas no primeiro dia de concurso, eram corrigidas em ritmo acelerado. A expectativa é de que as correções sejam encerradas ainda no início da tarde de hoje.

Em uma sala localizada no décimo andar do prédio da administração da universidade, no campus de Curitiba, 25 professores estão há três dias executando as correções de textos, que têm como tema os problemas brasileiros que precisam ser solucionados com maior urgência pelo próximo governo. No total, 21 professores do curso de Letras da PUC e quatro professores de Português de outras instituições trabalham desde a tarde da última quarta-feira nas correções.

Segundo o coordenador da banca de corretores, Jayme Ferreira Bueno, cada texto passa pelas mãos de dois profissionais, que fornecem notas diferentes, de onde é tirada uma média. “Se há notas com diferença de três ou mais pontos em uma mesma redação, o texto passa por nova correção”, explica.

O professor Orlando Bogo, que há vários anos trabalha na correção de redações de vestibular, revela que, em relação a concursos passados, não houve melhora na capacidade dos alunos de elaborar os textos. “Os candidatos demonstram muitas dificuldades para elaborar frases e cometem vários erros ortográficos”, conta. “Hoje (ontem), corrigi uma redação em que a forma verbal ?estão? foi escritá com ?n? e acento agudo: ?están?. Também houve muita confusão com o nome do presidente eleito. Alguns candidatos chamaram Luiz Inácio Lula da Silva de José Inácio ou Luiz Inácio Silveira.”

Falta de idéias

A diretora do curso de Letras, Marta Morais da Costa, e a professora de Língua Portuguesa Janete Terezinha Ferron contam que diversos alunos fugiram do tema proposto. Quem não se distanciou, em geral se manteve no “lugar comum”, sem apresentar idéias novas e demonstrar uma opinião formada sobre o tema. “A maioria dos candidatos escreveu a redação com base em informações divulgadas, nos últimos tempos, pelos programas jornalísticos da TV”, conta Marta. “Poucos textos estão demonstrando uma abordagem mais profunda do tema”, acrescenta Janete.

As redações têm no mínimo vinte linhas e no máximo 25. Textos com insuficiência de linhas estão sendo automaticamente eliminados. Em média, as provas estão obtendo notas que variam de 4 a 6 pontos. As notas 10 são poucas.

Os números do vestibular

? Candidatos: 13.230

? Vagas: 6.060

? Desistentes: 1.173

? Cursos: 46

? Previsão de divulgação da 1.ª chamada: 6 de janeiro

? Matrículas: de 20 a 23 de janeiro

? Início do ano letivo: 10 de fevereiro

Acaba maratona de seis dias de prova

Cintia Végas

Para a maioria dos candidatos a uma vaga no vestibular da PUC, a manhã de ontem representou o fim de uma maratona de provas. Muitos vestibulandos também disputaram o concurso da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ? promovido entre os dias 15 e 17 ? e permaneceram seis dias seguidos concentrados em questões de Matemática, Química, Física, Biologia, Português, História, Geografia e língua estrangeira.

A estudante Vanessa de Lis Linczuk, de 19 anos, que pretende cursar Educação Física, tentou os dois concursos e se dizia muito cansada. “Todos os dias acordei às 6h para não correr o risco de chegar atrasada”, contou. “Agora, não vejo a hora de poder dormir um pouco. Acho que foi bastante pesado fazer um vestibular em seguida do outro.”

Renata Lacerda, 17, que concorre a uma vaga em Psicologia, concorda, porém considera positivo o fato de os dois vestibulares terem sido realizados antes das festas de fim de ano. “É bom que poderemos passar o Natal e o Ano Novo mais sossegados. O único problema é que teremos de controlar a expectativa em relação aos resultados.”

Provas

Ontem, a prova de Química foi considerada a grande vilã por parte de muitos vestibulandos. “Foi a pior prova de todo o vestibular”, disse o candidato Ricardo Machado Costa, 18, que disputa uma vaga em Desenho Industrial.

Vanessa conta que também teve dificuldades em Física, embora grande parte dos candidatos tenha considerado a prova como sendo de nível médio. “Eu não sabia nada nem em Química nem em Física. Os dois primeiros dias de vestibular foram muito fáceis, mas o último foi terrível”, revelou.

A prova de Geografia foi considerada fácil pela maioria dos candidatos entrevistados por O Estado.

Liminar obriga universidade a exibir planilhas

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC conseguiu, na quinta-feira passada, uma liminar que obriga a universidade a exibir as planilhas do percentual de aumento das mensalidades relativas aos últimos cinco anos. A decisão é inédita no País. A universidade tem cinco dias para apresentar os documentos.

O jurista Luiz Fernando Pereira, advogado do DCE, explica que há suspeitas de irregularidades nos aumentos nestes cinco anos porque as mensalidades subiram 100% acima da inflação do período. A entidade quer comprovar se os acréscimos foram legais. Primeiramente o jurista orientou que a situação fosse resolvida em âmbito interno. O DCE protocolou um pedido para verificar as planilhas por três vezes seguidas e esperou cinco meses por uma resposta da PUC. “Diante da recusa, a gente propôs uma ação cautelar de exibição de documentos”, explica Pereira. A universidade precisa mostrar onze documentos, entre eles as planilhas abertas desde 1998 e os relatórios que comprovam reajuste por causa do aumento no número de cursos e de vagas e a integral execução dos orçamentos e de projetos de aprimoramento didático-pedagógicos. Os documentos vão ser avaliados e, se for detectada alguma irregularidade, o DCE vai entrar com “uma ação principal em que vai ser requerida a devolução do dinheiro”.

Pereira considera esta decisão como uma vitória dos estudantes. “Pode criar um precedente significativo para as instituições privadas que se valem disso para determinar os valores”, diz.

O jurista afirmou que um oficial de justiça notificaria a universidade na tarde de ontem. A assessoria jurídica da PUC informou que não havia recebido o documento e que enquanto não estiver de posse dele não se pronuncia sobre o assunto.

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