Controlador denuncia pressão e caos aéreo

A expectativa dos controladores de vôo de todo o País é grande com a assinatura da medida provisória, hoje, que transferirá 1.500 dos 2.400 controladores militares para o novo Controle da Circulação Aérea Geral, vinculado ao Ministério da Defesa. Para os que atuam no Cindacta 2, em Curitiba, o anúncio da desmilitarização significa ?um divisor de águas?.

Em entrevista à TV Iguaçu no dia seguinte ao motim de sexta-feira passada, um dos controladores – que preferiu não se identificar – contou o que houve em Curitiba. ?Foi um ato de solidariedade aos 18 controladores de Brasília que estavam quase com voz de prisão decretada?, disse. Aos poucos, conta, os controladores foram voluntariamente se apresentando para a manifestação. ?Chegamos a acima de 70 controladores, praticamente todo o efetivo, tirando os que estavam de férias, e passamos a informação para o comandante do Cindacta que os controladores de Curitiba não teríamos mais condições de gerir o fluxo das aeronaves da região Sul devido à pressão que estamos sofrendo desde o acidente da Gol?, relatou.

Para ele, a sociedade foi enganada quanto à realidade das salas de controle de tráfego nesse meio tempo. ?As negociações com o governo foram ficando para depois, a Aeronáutica colocando pressão nos controladores, punindo, afastando, transferindo, e a opinião pública não sabendo disso.?

Tráfego

Segundo o controlador, a partir das negociações com o governo, o Decea (Departamento de Controle de Espaço Aéreo) ?lavou as mãos?, deixando a responsabilidade com o tráfego nas mãos dos controladores. A partir deste momento, denuncia, o Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea, órgão até então meramente burocrático, passou a comandar os trabalhos de controle. O centro, de acordo com ele, seria o responsável por manter os aviões em órbita próximos aos aeroportos por falta de planejamento do tráfego: ?Autorizavam que decolassem só para evitar filas nos balcões das companhias aéreas?. ?Agora quem controla o tráfego são os controladores, profissionais capacitados para gerenciá-lo, pessoas que nesse momento estão programando os vôos para que não haja órbitas, para que as empresas aéreas não joguem dinheiro fora e para que não se coloque mais em risco a aviação civil deste país.?

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