Conselho definirá política de universidade estadual

Reunião realizada ontem na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior oficializou a criação do Conselho Consultivo para Políticas de Ensino Superior. O conselho será formado pelo secretário da Ciência e Tecnologia, Aldair Rizzi, pelos reitores das universidades estaduais e por representantes do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-PR) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo Rizzi, o Conselho pretende nortear as ações das instituições públicas de ensino superior paranaenses e integrá-las em benefício do Paraná. “Vamos trabalhar de forma conjunta, em ensino e pesquisa, e evitar a competição entre as instituições”, afirmou.

Para o secretário, é importante a coordenação do Conselho para evitar a duplicidade de ações. “Chegamos a ter duas, três instituições pesquisando a mesma coisa, sem diálogo, sem cooperação. Isso tem de acabar”, afirma. Para o presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp) e reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) Carlos Alberto Gomes, o Conselho é importante e pode auxiliar as instituições a minimizar gastos. “Ainda temos um problema sério com o orçamento, mas temos de encontrar alternativas para minimizar esse problema. O Conselho pode ser uma dessas alternativas.” O orçamento estadual destinou R$ 450 milhões para as universidades estaduais esse ano. A Secretaria de Ciência e Tecnologia deve analisar relatórios das Universidades e segundo Rizzi, caso seja constatada a necessidade de uma verba maior, o governo pode enviar à Assembléia uma proposta de emenda orçamentária.

Ações

Inicialmente, o Conselho deve priorizar três projetos que devem acontecer simultaneamente em todo o estado: incubadoras populares, alfabetização de adultos e qualificação de docentes do ensino fundamental. Segundo Rizzi existem pelo menos 30 mil professores da rede pública que ainda não contam com formação de terceiro grau. Nessa área, o conselho vai atuar diretamente junto a Secretaria de Estado de Educação (Seed). “A capacitação de professores é essencial para a educação e a Secretaria da Educação estará disposta a colaborar com as instituições”, afirmou o secretário de Educação, Maurício Requião. Entre outros projetos, será desenvolvido um portal, na Internet, para dar suporte aos professores visando a sua capacitação. Segundo ele, o investimento da Copel em fibra ótica dará maior possibilidade de levar a Internet para as escolas e universidades. “Seremos parceiros”, definiu. Também haverá investimento em programas extracurriculares nas áreas de ciências, artes e esportes.

Estiveram presentes o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, o secretário da Educação, Maurício Requião, o diretor-geral do Cefet-PR, Éden Januário Netto, os reitores da Universidade Federal do Paraná, Carlos Augusto Moreira Júnior; Lygia Lumina Pupatto, da Universidade Estadual de Londrina (UEL); Gilberto Cézar Pavanelli, da Universidade Estadual de Maringá (UEM); Paulo Roberto Godoy, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG); Wilson Luís Iscuissati, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste); Carlos Alberto Ferreira Gomes, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro); e Sâmia Saad Galloti Bonavides, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

Soluções homogêneas

Guilherme Voitch

O secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi, pediu aos reitores das Universidades Estaduais do Estado para que enviem, até o fim do mês, as resoluções de suas respectivas instituições quanto ao processo de ocupação de vagas ociosas. Segundo Rizzi, algumas universidades já estariam finalizando o processo de transferência dos alunos de instituições particulares para públicas. “A UEL abriu seiscentas vagas, a UEPG lançou o edital para quinhentas”, explicou.

O secretário quer receber as resoluções de cada Conselho Universitário sobre o assunto para então buscar uma homogeneização do processo. “O objetivo é uniformizar a ocupação dessas vagas no Estado”, disse.

As políticas de cotas para estudantes negros não foram discutidas na reunião de ontem, mas o secretário adiantou que será um assunto que deve entrar nas pautas futuras do Conselho Consultivo.

Universidades no Fome Zero

Guilherme Voitch

O secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque, propôs aos reitores a integração das universidades e estudantes no programa Por um Paraná sem Fome, uma extensão do projeto Fome Zero. Ele pretende criar uma lista única a partir dos cadastros da Copel, Sanepar, Associação Comercial do Paraná, CEF e prefeituras para identificar os destinatários do Fome Zero. Depois de definida, a lista será entregue às universidades para que os estudantes localizem as famílias necessitadas. Segundo ele, o projeto não deve ser do governo e sim da sociedade.

Na secretaria do Trabalho já foi definida uma equipe que será coordenada pela socióloga Zélia Passos. Para dar início ao trabalho, estão previstos, a partir do dia 10 de março, dez fóruns regionais, envolvendo secretarias do governo, líderes municipais, entidades sociais, civis e religiosas que atuam em cada região. Serão discutidas propostas, visando definir um projeto único para acabar com a fome no Estado. Padre Roque afirmou que o Paraná terá recursos do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e do Governo do Estado e lançou um desafio às universidades para este ano.

Também foi lançada na reunião a proposta de promover um Congresso de Inventores Paranaenses unindo criadores, incubadoras, universidades, a Secretaria da Ciência e Tecnologia e empresários que podem assumir a fabricação do invento. “Esse ato colocaria o Paraná numa vitrine para o Brasil e para o mundo”, concluiu o secretário.

A proposta do secretário foi bem recebida pelo presidente da Apiesp. “As universidades estão dispostas a ajudar e podem fazer isso, não só na arrecadação de alimentos, mas também no cadastramento das pessoas”, disse. “As instituições têm forte penetração no interior. Não há município que esteja há mais de 100 km de alguma unidade (campus ou extensão) de universidade estadual.”

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