Comércio do litoral do Paraná aposta tudo no Carnaval

Para os comerciantes do litoral, o Carnaval é a última oportunidade de faturar nesta temporada. Eles reclamam que a enchente em janeiro, a falta de água e as aulas que começaram muito cedo atrapalharam as vendas. De acordo com o presidente do Sindlitoral, José Carlos Chicarelli, estima-se que o movimento tenha ficado 70% abaixo do que foi registrado na temporada anterior. Para os dias de folia são esperadas 720 mil pessoas, mas poderia ser um milhão, já que muita gente foi para Santa Catarina.

Aline Gonzales Egres trabalha em uma loja de artesanato, em Matinhos, e está apostando que durante o Carnaval as vendas melhorem um pouco. “A temporada foi muito parada. Se não vender agora não consegue mais”, comenta. Roberto Barbosa, dono de uma lanchonete no mesmo município, não estava confiante. “Houve informação de que ia faltar água. As pessoas não vão descer”, diz. Ele sabe que vai faturar um pouco mais do que em dias normais, mas acha que vai ficar abaixo do esperado. A falta de luz por duas horas, ontem pela manhã, também atrapalhou seu trabalho. “Já começamos bem, não dava nem para vender os pastéis, eles são feitos na hora e preciso da energia”, diz.

Nem mesmo o calçadão, que ficou pronto no mês passado, em Matinhos, animou os vendedores. “Ficou pronto muito tarde. Nem o Carnaval vai melhorar as vendas”, reclamou Gerson Carlotto. Para ele, além de todos os problemas da temporada, faltou divulgação.

Ambulantes

O desânimo também atingiu os ambulantes. Joanir do Rosário mora na praia de Caiobá, em Matinhos, e vende água de coco durante a temporada. “Este ano está fraco e tem muito concorrente”, reclamou. Aírton Ribeiro, outro morador do local, não escondia a decepção. “Estamos faturando em média R$ 200,00 por mês. Quando o movimento está bom ganhamos até R$ 800,00”, afirma.

Muitos curitibanos também estavam aproveitando a última oportunidade do verão no litoral para melhorar a renda. Alguns até levaram crianças para ajudar no trabalho. Flaviele Amaral, de 12 anos, foi com os tios e estava vendendo salgados. “É cansativo, mas fazer o que, a gente precisa. Tem dia que só tem feijão e arroz para comer”, reclama. O dinheiro ela ia dar para os pais e ia usar um pouco para a compra do material escolar. O primo dela, Saulo Evaristo, 14, é um pouco mais experiente, já é o seu segundo ano. Ouviu o tio falar que neste verão as vendas estavam fracas, mesmo assim pretendia vender 70 pastéis a R$ 1,00. Como a prima, também ia ajudar em casa e guardar um pouco para ele.

Para reverter essa situação o Sindlitoral estará fazendo pesquisa com moradores, veranistas e foliões, sobre questões e melhorias de eventos, festas, datas comemorativas e feriados prolongados nos principais municípios do litoral. José Carlos espera que o resultado da pesquisa consiga identificar o que a população espera e começar um trabalho de regaste de veranistas e foliões. A idéia é promover os atrativos naturais e realizar obras de melhoria, combatendo a vazão de pessoas para outros estados.

Com sol e calor, praias ficam lotadas

Elizangela Wroniski

O sol e o calor forte fizeram com que as praias do Paraná ficassem lotadas ontem, sábado de Carnaval. Enquanto alguns aproveitavam o feriado para descansar, muita gente estava a fim de curtir a festa.

Tudo estava bom para Cláudia Sens, 29, que mora em São Paulo e veio curtir o Carnaval nas praias do Paraná. “Gosto do Carnaval daqui, preferi ficar longe daquela folia de São Paulo”, afirmou. Vanessa Novochadlo, 29, procurou as praias em busca de diversão. “O calor está ajudando”, comentou. No programa, saídas noturnas todas as noites. “Para conhecer gente”, explica. Ricardo Barrizoto, 19, compartilhava a mesma opinião, só não estava gostando da água. “Não dá coragem de entrar, está muito suja”, afirmou.

Mas também tinha gente à procura de descanso. Cindy Carmello, 29, queria mesmo era passar os dia na companhia dos dois filhos pequenos. “Vou sair à noite para levá-los para passear, ver o que é o Carnaval”, conta. Mas para ela já foi a época em que a data era boa para comemorar. “Hoje só tem bebedeira e bagunça, não respeitam a individualidade das pessoas”, reclama.

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