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Comércio do corpo é feito em plena luz do dia no bairro Boqueirão

Com 73 mil habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE, o Boqueirão é um dos bairros mais populosos de Curitiba. Localizado na área leste da capital, a região conta com comércio diversificado. Além de um grande número de lojas de malhas e tecidos, na região ainda se encontram transportadoras, lojas de autopeças, distribuidoras de alimentos, revendas de equipamentos industriais, pequenas metalúrgicas e gráficas, entre outros estabelecimentos.

Anderson Tozato
Prostitutas e travestis que atuam na região cobram em média de R$ 40 a R$ 80 por um programa sexual de uma hora.

No entanto, nos últimos anos os moradores do Boqueirão têm se deparado com outro tipo atividade comercial no bairro: a prostituição. Durante praticamente o dia todo, garotas de programa e travestis batem ponto nas ruas Anne Frank, Bom Jesus do Iguape e Carlos de Laet, na altura entre os terminais do Carmo e do Boqueirão.

Assim como acontece em outros pontos de prostituição de Curitiba, o pico de movimento acontece no período da noite, mas é possível flagrar a atividade em qualquer hora do dia. Durante a tarde, cerca de 20 travestis e garotas de programa trabalham livremente, sem qualquer impedimento. A noite este número praticamente dobra. A movimentação de carros e motocicletas na região é grande e a abordagem às prostitutas acontece ininterruptamente.

A nova atividade comercial trouxe ao bairro uma verdadeira cadeia de serviços ligados à prostituição. Além das próprias garotas de programas e travestis, no local é possível encontrar diversos bares que servem como ponto de encontro das prostitutas, motéis e drive-ins. Nos últimos meses, alguns moradores da região passaram a alugar quartos de suas próprias casas para servir de local para os programas.

As prostitutas e travestis cobram em média de R$ 40 a R$ 80 por um programa de uma hora. Os motéis também custam em média R$ 40 por hora. Para quem optar por um drive-in, é preciso pagar uma consumação mínima de R$ 12. Os quartos oferecidos pelos moradores custam em média R$ 20 a hora.

Vizinhança não suporta mais o exibicionismo

A chegada das prostitutas e travestis mudou o cotidiano da região. Agora, os moradores se deparam com garotas de programas minimamente vestidas e que, vez ou outra, mostram suas genitálias aos clientes. De acordo com Vilmar Soares Constantino, presidente do Conselho de Segurança do Boqueirão (Conseg), as pessoas que vivem no local não aguentam mais a situação. “Muitas vezes acontecem brigas ou gritos dos travestis para chamar a atenção. Além disso, eles mostram os seios, a bunda e outra partes. Tem moradoras que são confundidas com prostitutas e recebem propostas de programa. A situação está complicada”, relata.

Segundo Constantino, a prostituição trouxe também o tráfico de drogas pra região, além de consumo de álcool e brigas. “Com as prostitutas e os travestis vieram outras coisas ruins. Vemos gente consumindo drogas e há também violência entre as garotas de programa por causa de ponto”, comenta. Por isso, o Conseg resolveu chamar a Polícia Militar para tentar acabar com os constantes distúrbios na região. Há duas semanas houve uma reunião entre as partes para a elaboração de uma estratégia de ação. Além disso, os moradores já coletaram duas mil assinaturas em um abaixo-assinado que será entregue à prefeitura.

PM está na área

Após conversas com os membros do Conseg do Boqueirão, a Polícia Militar já realiza operações no local. Segundo o tenente Faria, comandante da 4ª Companhia da PM, já ocorrem operaç&otilde,;es semanais para tentar coibir e amenizar a situação. “Nosso foco é acabar com as ocorrências que estão incomodando os vizinhos, como perturbação da ordem pública, atentado ao pudor e atos obscenos, além da violência e tráfico de drogas, que caminham lado a lado com a prostituição. Estamos também abordando os carros que param para as garotas de programa para checar se há qualquer irregularidade”, informa. “Não é fácil, mas estamos trabalhando”.