A denúncia contra o processo de privatização e comércio de sementes sob o comando de poucas empresas será o tema principal da Comissão Pastoral da Terra (CPT) para a realização da 19.ª Romaria da Terra do Paraná. Cerca de 30 mil pessoas são esperadas para o evento que acontece amanhã, a partir das 8h30, na cidade de Cruz Machado, região Sul, a 280 quilômetros de Curitiba.
Para marcar a iniciativa e ressaltar a postura dos participantes do evento, alguns atos simbólicos serão realizados, como a queima de sementes das marcas Monsanto, Syngenta, Aventis e Dupont. Segundo a CPT, essas são algumas das empresas que dominam 40% do mercado mundial de sementes, além de 90% do mercado de agroquímicos, 605 marcas de remédios e 60% dos produtos veterinários, criando um verdadeiro “cartel de lucros”.
Outra novidade durante o evento será uma grande feira de sementes montada para mostrar aos participantes os resultados do trabalho de mais de 5 mil famílias de pequenos agricultores da região envolvidas no projeto de produção agroecológica. Eles trabalham em conjunto com outras organizações não-governamentais (ONGs) e com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) na seleção, resgate e cultivo de sementes crioulas, ou seja, sementes sem qualquer modificação genética e elaboradas na própria localidade. “Na verdade queremos chamar a atenção de todos para um processo que, infelizmente, está dominando o cenário da agricultura mundial. Poucas empresas têm o domínio de elaboração de sementes modificadas, controlam a produção e fazem as regras de comércio. Os pequenos agricultores são os que mais sofrem com isso”, destacou o secretário-executivo da CPT, Jélson Oliveira.
Expectativa
Estão sendo esperadas pessoas de todo o Estado. Somente de Curitiba, sairão cerca de 400 ônibus. Agricultores de outras cidades da região, como Palmeira, União da Vitória, Pinhão, Irati, também vão expor suas sementes e produtos. “Não é interessante para as grandes empresas que apareçam novas sementes que não fazem parte do controle atual. Mas é isso o que queremos que aconteça e que precisam os pequenos agricultores”, disse o vice-presidente da CPT, dom Ladislau Biernaski. “O Paraná já se posiciona contra os transgênicos e a diversidade de sementes realmente precisa ser preservada. O interesse de poucos não pode ser maior do que o interesse de toda a população agrícola”, concluiu.