Comércio de Foz já sente prejuízos com impasse na ponte

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Bloqueios feitos por manifestantes prejudicam a economia de Foz.

A paralisação dos comerciantes, perueiros e mototaxistas paraguaios na Ponte Internacional da Amizade, que hoje completa quatro dias, já está afetando o movimento comercial em Foz do Iguaçu. Ontem à noite, representantes de sindicatos e associações do comércio brasileiro se reuniram no plenário da Câmara Municipal. Os paraguaios protestam contra a rígida fiscalização da Receita Federal e pedem a ampliação da cota de US$ 150, para que mais mercadorias sejam compradas legalmente no país vizinho.

Autoridades, entre elas o prefeito eleito de Foz, Paulo McDonald, também participaram da reunião. Eles devem definir até hoje que medidas podem ser tomadas para impedir que a cidade continue sendo prejudicada com a manifestação. O Ministério das Relações Exteriores do Paraguai já teria entrado em contato com o governo brasileiro, mas não obteve êxito.

As reclamações dos trabalhadores de Foz também são muitas. "Sempre no final de ano ocorrem esses problemas. Tem que ter um jeito de encontrar uma solução para a questão. Quem mora na fronteira vira bode expiatório", esbravejou Nilton Noel Rocha, presidente do Sindicato dos Taxistas de Foz do Iguaçu.

Em uma semana da "Operação Cataratas", foram fiscalizados 14.064 veículos, resultando na apreensão de aproximadamente R$ 3 milhões em mercadorias contrabandeadas. Desde o início da operação, diminuiu o número de ônibus que transportam sacoleiros para a fronteira e as vendas do comércio em Ciudad Del Este caíram 80%.

De acordo com o vereador Edson Mezomo, muitas pessoas dependem do movimento diário na ponte. "O governo federal não nos deu previsão de criação de emprego no município, então esse comércio já existente é essencial para a economia da cidade", destacou.

Algumas lojas de Foz já começam a sentir a falta de movimento. Segundo Rafael Sanches, funcionário de um estabelecimento especializado em aparelhos de informática com lojas em Ciudad del Este e Foz, o problema está aumentando. "Ninguém foi trabalhar na loja do lado paraguaio. Até o movimento em Foz está sendo prejudicado por essa manifestação. São milhares de turistas que deixam dinheiro aqui e no Paraguai e que o protesto tem afastado."

Sem interferância

O protesto continuou pacífico. O prefeito de Ciudad del Este, Ernesto Javier Zacarías Irun, decretou feriado municipal ontem e hoje, convidando a população para participar de atos de protesto na Ponte da Amizade. Já na BR-277, o local conhecido como "baixada do leão", nas proximidades de Foz do Iguaçu, foi palco de um tumulto no início da tarde. Sacoleiros e mototaxistas favoráveis ao protesto organizado na Ponte da Amizade bloquearam a rodovia por algumas horas. Duas pessoas foram presas.

Licença prévia do IAP assinada

O governador Roberto Requião e o governador paraguaio de Alto Paraná, Gustavo Cardozo, assinaram ontem a licença prévia do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que autoriza a construção de terminal alfandegário na margem do Rio Paraná, em Foz do Iguaçu. "O pedido de liberação do porto está resolvido. O IAP deu a licença e o ministro do Planejamento, Guido Mantega, garantiu que a portaria autorizando o estabelecimento do porto também será assinada", informou Requião.

O terminal é uma reivindicação do governo de Alto Paraná e será uma alternativa de ligação entre os municípios de Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este e Presidente Franco, no Paraguai. Além de desafogar o trânsito da Ponte da Amizade, o porto também vai resgatar o patrimônio histórico do Foz.

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