Passar na frente de uma loja de doces e encontrar livros. Não, não é um comércio paralelo. É um projeto que está sendo desenvolvido por comerciantes e pela rede de desenvolvimento local do bairro Hauer, em Curitiba, para incentivar a leitura por meio de uma biblioteca comunitária. Para facilitar o acesso, veio a ideia de colocar os livros nos estabelecimentos comerciais. Não precisa ser cliente fiel da loja. Apenas escolher o livro e depois devolvê-lo, sem qualquer burocracia.
Gerson Klaina |
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José Maria Augustinho: muitos passam na calçada e perguntam se podem pegar o livro. |
O projeto vai se expandir para outros comércios do bairro. Por enquanto, funciona apenas na loja de doces de José Maria Augustinho, na Marechal Floriano Peixoto. Ainda de maneira improvisada, são livros de diversos gêneros à disposição de quem estiver passando por ali. “Muitos passam na calçada e perguntam se podem pegar o livro. Alguns vêm aqui apenas para isto”, conta o comerciante. “Não fazia ideia como isto era importante. Todos que veem a estante com livros elogiam pela iniciativa, independente da classe social. Agora as pessoas estão trazendo doações de livros para cá também”, afirma José Maria.
A biblioteca comunitária na loja de doces é uma espécie de projeto piloto. No próximo mês começa a divulgação para que outros estabelecimentos entrem nesta iniciativa. Serão desenvolvidos estantes e adesivos padronizados para a identificação do projeto, que deve se chamar Ciclo Livro. “A ideia é circular com o livro mesmo. Estamos recolhendo doações. Uma biblioteca era um dos anseios da comunidade, que queria incentivar a leitura. Existem algumas bibliotecas e o Farol do Saber no bairro, mas são em pontos distantes”, comenta Adriane Vieira, agente de desenvolvimento local no Hauer.
Para José Maria Augustinho, o projeto pode democratizar o acesso à leitura. “Futuramente, a pessoa pode pegar um livro aqui e depois devolver em outro local. Mesmo sem a cobrança para a devolução, as pessoas estão devolvendo os livros e trazem outros que já leram. O projeto promove a leitura, mas também desenvolve a consciência das pessoas”, avalia o comerciante.
Gerson Klaina |
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Adriane Vieira: A ideia é circular com o livro mesmo. |